Redação Publicado em 24/01/2024, às 10h00
Inúmeros fatores contribuem para o envelhecimento da pele, incluindo ambientais, genéticos e estilo de vida. Pesquisadores do Centro de Inovação em Microbioma (CMI) da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, e da L’Oréal Research and Innovation descobriram que o microbioma da pele pode ser a chave para entender como ela envelhece. As descobertas foram publicadas recentemente no periódico Frontiers in Aging.
Para o estudo, a equipe de investigação analisou 13 estudos anteriores da L’Oréal, que incluíram dados clínicos da pele de mais de 1.000 participantes do sexo feminino com idades entre os 18 e os 70 anos. Os pesquisadores descobriram uma ligação entre a diversidade do microbioma da pele e o envelhecimento dela, geralmente visto como um sinal-chave do envelhecimento da pele. Eles também encontraram uma associação negativa entre a diversidade do microbioma e a perda de água transepidérmica, que é a umidade que evapora pela pele.
A médica Se Jin Song, diretora de pesquisa no Centro de Inovação de Microbiomas da Universidade da Califórnia disse ao site Medical News Today que o aspecto mais convincente do estudo foi que havia de fato táxons - grupos ou divisões que se utilizam na sistemática biológica para dividir os indivíduos, incluindo género, família, ordem e subordem - que pareciam estar ligados ao grau de rugas de pés de galinha, separadas da idade, apesar da forte relação entre rugas e idade.
Para ela, este é um ponto de partida emocionante para futuras pesquisas que podem ajudar a determinar definitivamente se esses micróbios realmente desempenham um papel no desenvolvimento das rugas e qual ele pode ser. Embora este estudo tenha revelado micróbios específicos de interesse, novas pesquisas se concentrarão em elucidar qual o papel que eles podem desempenhar no envelhecimento da pele.
A diretora fez as seguintes perguntas: “Eles estão interagindo com as células da nossa pele de uma maneira específica? Estão afetando outros membros do microbioma da pele? Eles estão produzindo produtos químicos ou compostos específicos que são benéficos para a aparência da pele?”. Responder a essas questões ajudará a preparar o caminho para aplicações que potencializem a relação entre o microbioma e a saúde da pele.
O que os pesquisadores estão descobrindo é que o equilíbrio entre bactérias boas e más pode alterar a perda de água transepidérmica. Por exemplo, pense em uma uva virando passa. Com a nossa pele funciona da mesma maneira. O microbioma pode influenciar a hidratação e também pode mudar a forma como a nossa pele reage aos fatores ambientais – o sol, a poluição, etc. Levando tudo isto em consideração, é evidente que o microbioma da nossa pele pode influenciar diretamente a forma como envelhecemos.
Em referência à pesquisa, a chefe de pesquisa avançada da América do Norte da L’Oréal, Qian Zheng, afirmou que este estudo abre portas para novas oportunidades de descoberta de tecnologias que aproveitam o microbioma para manter uma pele com aparência saudável. “Os marcadores microbianos e os sinais de envelhecimento identificados neste estudo orientarão pesquisas futuras, permitindo a geração de dados maiores e mais harmonizados para acelerar nossa compreensão do microbioma no contexto da pele saudável e do envelhecimento da pele”, disse ela ao MNT.
Um desafio significativo pela frente é validar ou refutar o papel causal desses marcadores por meio de métodos in vitro e estudos intervencionistas in vivo, acrescentou Qian. Além disso, a identificação de marcadores específicos do microbioma para cada sinal de envelhecimento apresenta um caminho interessante para soluções personalizadas de cuidados com a pele.
Um crescente número de pesquisas sugere que pode ser benéfico focar na saúde da pele e do intestino. Estudos mostram que a microbiota intestinal e da pele lutam contra patógenos, aliviando a inflamação e regulando o sistema imunológico. Para Qian, o interessante é que, nos últimos anos, tem havido mais agitação em torno do microbioma da pele quando o microbioma intestinal era anteriormente focado. Agora, com o passar do tempo, pesquisadores estão aprendemos que o microbioma da pele afeta a acne, a rosácea, o envelhecimento e outras doenças da pele. “É fascinante. Estamos vendo toda essa nova tendência na forma como cuidamos de nossa pele e de novas condições”, acrescentou a médica.
Os pesquisadores continuam a explorar a ligação entre o intestino e a pele e se um intestino saudável pode levar a uma pele mais saudável e jovem. Alguns dermatologistas acreditam que exista uma ligação indireta entre o microbioma intestinal e o microbioma da pele. Por exemplo, tomar antibióticos orais ou tópicos pode influenciar os dois microbiomas. Como resultado, otimizar o microbioma da pele e o microbioma intestinal fornecerá melhores resultados e melhorará a aparência geral da pele.
Embora cada pessoa tenha diferentes tipos de pele, existem algumas diretrizes gerais para uma pele mais saudável. Minimizar o uso de ingredientes agressivos que irão perturbar o microbioma é um deles. Por exemplo, com pele normal use um limpador e hidratante suave. E evite o ácido salicílico porque pode causar irritação e ressecamento. O microbioma desempenha um papel crucial na manutenção da saúde e função da pele. “O foco na compreensão do perfil do microbioma da pele saudável e dos biomarcadores específicos associados a diversas condições, incluindo o envelhecimento, é uma prova do nosso compromisso com o pioneirismo neste campo”, afirmam os pesquisadores.
“Este conhecimento permite-nos identificar tecnologias diferenciadoras e eficazes inspiradas no microbioma. Aproveitamos esse conhecimento para desenvolver uma variedade de ativos, incluindo prebióticos e pós-bióticos, que promovem bactérias benéficas ou têm como alvo as nocivas. Também exploramos materiais bioderivados, como endolisinas e até probióticos, para remodelar o microbioma da pele em direção a um estado mais saudável” finaliza Qian.
Fonte: Medical News Today