Redação Publicado em 17/09/2021, às 18h00
Se você tem um pressentimento de que algo está te impedindo de perder tanto peso quanto gostaria, você pode ter razão. É o que mostra um estudo publicado on-line este mês no mSystems, periódico da American Society for Microbiology. Nele, pesquisadores dizem ter descoberto que o microbioma intestinal — as bactérias que ajudam a digerir alimentos e absorver nutrientes nos intestinos — pode influenciar a capacidade de uma pessoa em perder peso.
Os pesquisadores identificaram genes dentro dessas bactérias que determinam a rapidez com que as elas crescem, quão bem as pessoas podem tirar proveito dos nutrientes nos alimentos, e se amidos e fibras, em particular, são divididos em açúcares muito rapidamente para ajudar na perda de peso.
A equipe admite que algumas pessoas têm mais dificuldade em perder peso do que outras. Por exemplo, algumas são capazes de controlar o peso por meio de alterações básicas de estilo de vida enquanto outras não conseguem. Além disso, é difícil prever quem responderá às mudanças na dieta ou aos exercício e quem pode exigir estratégias mais intensas.
Eles identificaram assinaturas genéticas específicas no microbioma intestinal que eram preditivas da resposta à perda de peso em um pequeno grupo de pacientes após uma intervenção saudável no estilo de vida.
Diferenças em 31 genes funcionais emergiram do microbioma intestinal entre 48 pessoas que perderam 1% ou mais de seu peso a cada mês em comparação com outras 57 cujo peso permaneceu o mesmo. Pesquisadores analisaram amostras de fezes colhidas de seis a 12 meses depois que as pessoas iniciaram um programa comercial de treinamento para perda de peso.
O estudo se alinha a pesquisas anteriores mostrando que diferentes tipos de bactérias no microbioma intestinal podem afetar o sucesso das intervenções de perda de peso, mas deram um passo adiante para determinar como isso funciona.
Os pesquisadores afirmaram que sabem que o microbioma intestinal desempenha um papel importante no controle de peso e também pode influenciar uma resposta às intervenções de perda de peso. No entanto, características específicas que podem explicar essa observação com mais detalhes ainda precisam ser analisadas.
Pelo lado positivo, genes que ajudam as bactérias a crescerem mais rapidamente foram associados à perda de peso. Essas bactérias tomam mais nutrientes dos alimentos para si mesmas, deixando menos seguirem em direção ao ganho de peso humano em comparação a bactérias de crescimento mais lento.
De fato, algumas evidências anteriores apontam para uma bactéria intestinal em particular, Prevotella, ajudando na perda de peso.
Em nosso estudo descobrimos que alguns dos micróbios que mais crescem no grupo de resposta à perda de peso eram do gênero Prevotella", afirmaram os pesquisadores no texto.
Por outro lado, bactérias que produzem mais enzimas para quebrar amidos ou fibras rapidamente em açúcares, por exemplo, estavam ligadas a tornar as pessoas mais resistentes à perda de peso.
A equipe de cientistas comenta que, ao entender esses padrões funcionais, será possível um dia projetar microbiomas resistentes para serem mais permissivos à perda de peso. "Esses achados ampliam nossa compreensão sobre as características específicas do microbioma intestinal que desempenham um papel na perda de peso", declararam.
O que as descobertas significam para as pessoas dispostas a ajustar a dieta - ou se submeter a um transplante fecal - no sentido de incluir mais bactérias intestinais que facilitam a perda de peso? Para os pesquisadores, pode ser muito cedo para tais intervenções. Isso porque ainda é muito difícil projetar racionalmente o microbioma intestinal.
Curiosamente, um estudo recente sugere que transplantes fecais de um doador de alto Prevotella podem ser capazes de transformar receptores de baixa Prevotella em alta Prevotella", afirmaram os pesquisadores.
Eles admitem, no entanto, que mais pesquisas são necessárias para entender se esses indivíduos microbianos de transplante fecal também são mais capazes de perder peso, acrescentou.
Por enquanto, os cientistas dizem que não podem dar recomendações específicas além das de sempre: pessoas devem comer mais alimentos integrais ricos em fibras, à base de plantas e reduzir o consumo de carne vermelha. O que é bem apoiado. Além disso, eles recomendam que as pessoas preparem as próprias refeições em vez de depender de açúcar e alimentos processados, ricos em sódio, daquelas refeições prontas ou congeladas, por exemplo.
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