Além de melhorar a memória, consumo da fruta resultou em menos sintomas depressivos
Tatiana Pronin Publicado em 02/12/2023, às 18h00
Morangos podem ser mais do que apenas uma fruta deliciosa. Um pequeno estudo publicado recentemente na revista Nutrients indica que eles podem ser um ingrediente vital na preservação da saúde cognitiva, ou seja, para manter nosso cérebro afiado por mais tempo. E esse não é o primeiro trabalho a demonstrar esses efeitos positivos!
O estudo incluiu 37 participantes com excesso de peso, com idades entre 50 e 70 anos. Todos os participantes foram diagnosticados com resistência à insulina e declínio cognitivo subjetivo, condições que frequentemente precedem a demência.
Os pesquisadores dividiram os participantes em dois grupos. Um grupo recebeu uma dose diária de 24 gramas de pó de morango liofilizado, equivalente a duas xícaras de morangos frescos. O outro grupo consumiu diariamente um placebo com uma contagem calórica semelhante. Todos os sujeitos foram instruídos a se abster de comer qualquer tipo de frutas vermelhas durante o período de 12 semanas do ensaio.
O grupo que consumiu morangos mostrou uma melhora notável na memória, especialmente no processamento da memória. Houve uma diminuição significativa na interferência da memória, um fator crucial para a retenção e recuperação da memória. Eles se destacaram na evocação de palavras com base em palavras previamente aprendidas, sem confusão.
Os participantes que ingeriram a fruta também experimentaram uma redução significativa na depressão. Nas ferramentas básicas de diagnóstico, suas pontuações diminuíram, indicando menor gravidade nos sintomas depressivos. Esse achado é particularmente significativo, pois a depressão é um precursor comum do declínio cognitivo.
Embora não seja estatisticamente significativo, houve uma tendência sugerindo melhora nas funções executivas, como resolução de problemas e planejamento, no grupo de morangos.
No entanto, apesar da conhecida ligação entre resistência à insulina e declínio cognitivo, o estudo não encontrou benefícios nos parâmetros metabólicos, como níveis de glicose no sangue e insulina. Os pesquisadores especularam que os benefícios cognitivos dos morangos podem ocorrer por meio de mecanismos diferentes, possivelmente não relacionados a mudanças metabólicas.
Segundo os pesquisadores, morangos contêm antioxidantes chamados antocianinas, que possuem benefícios à saúde, como melhorias metabólicas e cognitivas. Essas substâncias são pigmentos naturalmente encontrados em várias frutas, como também nos mirtilos, groselha e uvas vermelhas.
As antocianinas fazem parte da família dos flavonoides, um tipo de polifenol celebrado por suas potentes propriedades antioxidantes. Elas desempenham um papel crucial na proteção das células contra o estresse oxidativo causado pelos radicais livres, moléculas instáveis que causam danos celulares.
Além de sua capacidade antioxidante, as antocianinas são reconhecidas por seus consideráveis efeitos anti-inflamatórios. Elas potencialmente reduzem a inflamação ao impedir a produção de substâncias químicas inflamatórias, como as citocinas.
Além disso, os compostos de antocianina foram associados a inúmeros outros benefícios à saúde. Estudos sugerem que melhoram os níveis de colesterol, reduzem a pressão sanguínea e aprimoram a função dos vasos sanguíneos para uma melhor saúde cardiovascular. Outros estudos sugerem que inibem o crescimento de células cancerígenas e induzem a apoptose (morte celular) em vários tipos de câncer.
Embora preliminares, os pesquisadores acreditam que os resultados são promissores. Eles se somam ao crescente corpo de evidências que apoiam o papel da dieta na manutenção da saúde cerebral durante o processo de envelhecimento.
Os morangos, em particular, poderiam fornecer uma maneira simples, acessível e deliciosa de manter a cognição a longo prazo, especialmente em indivíduos em risco de demência devido à resistência à insulina.
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