Redação Publicado em 14/09/2021, às 13h00
Se você é do time que sonha em passar os dias sem fazer nada, talvez esse estudo mude sua opinião. De acordo com uma pesquisa publicada pela American Psychological Association, muito tempo livre, na verdade, pode não trazer o bem-estar que as pessoas imaginam.
Os pesquisadores analisaram os dados de 21.736 americanos que participaram da American Time Use Survey entre 2012 e 2013. Os participantes forneceram um relato detalhado do que fizeram durante as 24 horas anteriores – indicando a hora do dia e a duração de cada atividade – e relataram sua sensação de bem-estar. Os pesquisadores descobriram que, à medida que o tempo livre aumentava, o bem-estar também aumentava, mas estabilizou em cerca de duas horas e começou a diminuir após as cinco.
“As pessoas costumam reclamar de estar muito ocupadas e expressam que querem mais tempo. Mas, na verdade, mais tempo está mesmo relacionado a uma maior felicidade? Descobrimos que a falta de horas bem empregadas no dia resulta em maior estresse e menor bem-estar subjetivo”, disse Marissa Sharif, PhD, professora assistente de marketing na The Wharton School e principal autora do artigo. “No entanto, embora ter pouco tempo livre seja ruim, o excesso nem sempre é melhor.”
Os pesquisadores também analisaram dados de 13.639 trabalhadores americanos que participaram do National Study of Changing Workforce entre 1992 e 2008. Entre as muitas perguntas da pesquisa, os participantes foram questionados sobre a quantidade de tempo livre (por exemplo, “Em média, nos dias em que você está trabalhando, cerca de quantas horas [minutos] você gasta em suas próprias atividades de tempo livre?”) e seu bem-estar subjetivo, que foi medido como satisfação com a vida (por exemplo, “Considerando todas as coisas, como você se sente sobre sua vida hoje em dia? Você diria que se sente 1 = muito satisfeito, 2 = um pouco satisfeito, 3 = um pouco insatisfeito ou 4 = muito insatisfeito?”)
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Mais uma vez, os pesquisadores descobriram que níveis mais elevados de tempo livre estavam significativamente associados a níveis mais elevados de bem-estar, mas apenas até certo ponto. Depois disso, o excesso de tempo livre não foi associado a maior bem-estar.
Para investigar melhor o fenômeno, os pesquisadores realizaram dois experimentos on-line envolvendo mais de 6.000 participantes. No primeiro experimento, os participantes foram convidados a imaginar ter um determinado período de tempo livre todos os dias por pelo menos seis meses. Os participantes foram designados aleatoriamente para ter uma quantidade baixa (15 minutos por dia), moderada (3,5 horas por dia) ou alta (7 horas por dia) desse momento. Depois, eles foram solicitados a relatar até que ponto eles sentiriam alegria, felicidade e satisfação.
Os participantes de ambos os grupos com tempo baixo e alto relataram bem-estar inferior ao grupo de tempo moderado. Os pesquisadores descobriram que aqueles com baixo tempo livre se sentiam mais estressados do que aqueles com uma quantidade moderada, contribuindo para um menor bem-estar, mas aqueles com altos níveis de tempo livre se sentiam menos produtivos do que aqueles no grupo moderado, levando-os a também ter menor bem estar.
No segundo experimento, os pesquisadores analisaram o papel potencial da produtividade. Os participantes foram convidados a imaginar ter uma quantidade moderada (3,5 horas) ou alta (7 horas) de tempo livre por dia, mas também foram convidados a imaginar como passariam esse tempo, por exemplo, malhando, ou fazendo atividades improdutivas, como assistir televisão. Os pesquisadores descobriram que participantes com mais tempo livre relataram níveis mais baixos de bem-estar quando se engajaram em atividades improdutivas. No entanto, ao se engajar em atividades produtivas, aqueles com mais tempo livre se sentem semelhantes aos que têm um tempo livre moderado.
“Embora nossa investigação tenha se centrado na relação entre a quantidade de tempo livre e o bem-estar subjetivo, nossa exploração adicional sobre como os indivíduos gastam seu tempo se mostrou reveladora”, disse Sharif.
As pessoas deveriam se esforçar para ter uma quantidade moderada de tempo livre para gastar como querem. Em casos em que as pessoas se encontram com quantidades excessivas de tempo livre, como aposentadoria ou ter deixado um emprego, nossos resultados sugerem que esses indivíduos se beneficiariam em gastar seu tempo recém-adquirido com um propósito.”
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