Jairo Bouer Publicado em 21/10/2019, às 13h29 - Atualizado às 19h26
Se jogar num pote de sorvete depois de levar um fora virou uma cena comum em filmes de Hollywood, e existe até uma palavra em alemão – “kummerspeck” (ou “bacon da tristeza”) para se referir ao que a gente chama de “comer emocional”. Mas um estudo norte-americano garante que nem todo mundo tende a engordar depois de uma separação.
Especialistas em comportamento humano e evolução têm defendido que a estratégia de abusar da comida quando se perde um parceiro faz sentido quando se considera o ambiente dos nossos ancestrais. Por milhares de anos, era preciso caçar, pescar e coletar comida para matar a fome. Isso significa que era mais fácil viver em grupo. Se uma mulher era abandonada pelo parceiro ou vice-versa, tudo ficava mais difícil. Com esse cenário em mente, faz sentido imaginar que rompimentos podem ter estimular o ganho de peso, como uma espécie de mecanismo de defesa para enfrentar a escassez.
Pesquisadores da Universidade Penn State decidiram testar se a premissa é verdadeira com dois diferentes experimentos. No primeiro, recrutaram 581 pessoas que haviam enfrentado um rompimento amoroso recente. A maioria dos participantes (62,7%) não havia perdido ou ganhado peso significativamente no ano seguinte à separação.
No segundo estudo, 261 novos voluntários foram recrutados para responder a questionários mais detalhados sobre hábitos alimentares, comer emocional, como havia sido o rompimento e os sentimentos em relação ao relacionamento antigo. Novamente, a maioria (65%) não experimentou nenhuma mudança significativa de peso após o término da relação.
Apenas mulheres que já tinham uma tendência ao comer emocional foram, sim, mais propensas a engordar após o fim do relacionamento, segundo os autores do estudo.
Os resultados, publicados no Journal of the Evolutionary Studies Consortium, contrariam a noção geral de que todo mundo tende a engordar por causa de uma separação – uma boa notícia para quem acabou de terminar um namoro e está preocupado com a balança. Mas também mostram que indivíduos com tendência a abusar da comida como forma de lidar com o sofrimento precisam de suporte adicional nessa situação.
Alguns estudos anteriores já indicaram que solteiros podem ter hábitos menos saudáveis do que casados, pelo simples fato de que, quando estão sozinhas, as pessoas podem ter menos autocontrole. Quem bebe muito ou sofre de compulsão alimentar, portanto, deve buscar o apoio de amigos, familiares ou até grupos de autoajuda em situações de crise.