Redação Publicado em 14/08/2021, às 12h00
Ciclo de resposta sexual humana: é assim que especialistas descrevem o que acontece dentro do corpo e que gera sentimentos e reações durante uma relação sexual. Em 1966, os pesquisadores sexuais William Masters e Virginia Johnson criaram o termo, inspirando depois a série Master of Sex, da HBO. Eles definiram quatro estágios, ou fases, deste ciclo:
Conforme você se anima, seu coração bate mais rápido e sua respiração fica mais pesada. Sua pele pode ficar vermelha. Mais sangue flui para seus órgãos genitais. O clitóris incha e o pênis fica ereto. Os mamilos endurecem e a vagina pode ficar molhada. Os músculos de todo o corpo ficam tensos, aumentando a tensão sexual.
As mudanças em seu corpo se intensificam. A respiração, os batimentos cardíacos e a pressão arterial aumentam. A tensão muscular aumenta ainda mais. A vagina incha e suas paredes ficam mais escuras. O clitóris fica supersensível ao toque. Os testículos puxam para cima.
A excitação sexual atinge seu ápice. Você sente uma série de contrações musculares intensas enquanto seu corpo libera a tensão. Os músculos da vagina e do útero se contraem. Os músculos da base do pênis se contraem e se soltam, liberando o sêmen em uma ejaculação.
Agora, após o gasto da energia reprimida, seu corpo retorna ao seu estado pré-sexual. Sua respiração se acalma. Os músculos relaxam. O pênis e a vagina voltam ao tamanho e cor originais. Você pode sentir calma, satisfação ou cansaço.
Este ciclo de quatro fases é uma maneira bastante simples de descrever a resposta sexual humana. Na realidade, os corpos (e mentes) humanos são únicos e a maneira como respondemos ao sexo nem sempre se encaixa perfeitamente em quatro caixas ordenadas.
Por um lado, nem todo ato sexual leva ao orgasmo. Algumas pessoas fazem sexo sem sentir qualquer excitação. Outros têm orgasmos múltiplos seguidos e não chegam a uma resolução. O modelo do ciclo de resposta sexual recebeu algumas atualizações ao longo dos anos. No final dos anos 1970, a terapeuta sexual Helen Singer Kaplan acrescentou desejo ao ciclo. Em sua opinião, as pessoas precisam estar no clima, e emocionalmente prontas para o sexo, para ficarem excitadas e terem um orgasmo.
Em 2001, Rosemary Basson, professora de medicina sexual na University of British Columbia, no Canadá, mudou tudo. Ela criou um modelo circular de resposta sexual. Suas ideias principais são que as pessoas fazem sexo por muitos motivos diferentes, não apenas por excitação. E cada parte do ciclo não precisa acontecer em nenhuma ordem especial. Por exemplo, o desejo pode chegar tarde no processo.
Para ela, o orgasmo não é a única recompensa por fazer sexo. Você pode fazer isso por muitos outros motivos, como aumentar a intimidade ou fazer seu parceiro feliz. Ou seja, só porque alguém não tem orgasmo não significa que não esteja sentindo algum nível de satisfação.
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Para Kristen Mark, professora de educação em saúde sexual da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, o ciclo de resposta sexual não difere muito por gênero ou orientação sexual. Mas pode mudar de encontro para encontro. É superindividualizado e realmente único para cada experiência sexual.
Por exemplo, se você deseja alguém há muito tempo e finalmente faz sexo com esta pessoa, a fase de excitação pode ser mais rápida. No início de um relacionamento, quando a pessoa que você está namorando é nova para você, o desejo pode vir antes da excitação. Depois que vocês estão juntos há muitos anos, podem ficar animados antes de sentir desejo.
Os problemas podem acontecer em qualquer fase do ciclo de resposta sexual. O desejo pode diminuir, você pode ter problemas para ter excitação ou pode não ser capaz de atingir o orgasmo. Às vezes, isso ocorre por uma questão física. Por exemplo, problemas de ereção ou secura vaginal podem tornar o sexo mais difícil ou doloroso. Por sua vez, um problema físico pode desencadear uma resposta emocional fazendo com que você não deseje tanto sexo, diz Kristen.
Mas, novamente, todo mundo é diferente. Mesmo que você nunca se excite, você pode estar bem com sua vida sexual. Se há um problema que precisa de ajuda "depende da sua qualidade de vida e o quanto isso é importante para você", afirma Irwin Goldstein, diretor médico da San Diego Sexual Medicine.
Se você sente insatisfação com sua vida sexual, fale com um médico. Você pode ter um problema médico tratável, como as já citadas secura vaginal ou disfunção erétil. Alguns tipos de medicamentos também podem prejudicar o desejo. Mudar a dose ou as prescrições pode ajudar.
Se o problema não for físico, pode haver encaminhamento médico para um terapeuta sexual para tratar qualquer questão emocional, de relacionamento ou psicológica que esteja afetando sua vida sexual. O terapeuta pode ensinar maneiras de lidar com problemas, como falta de desejo ou dificuldade para atingir o orgasmo.
Também ajuda a conhecer o ciclo de resposta sexual do seu corpo. Preste atenção em como você reage. Você sente excitação? Que tipo de toque faz você atingir o orgasmo? Ao aprender sobre sua própria resposta, "você pode ter uma experiência mais satisfatória e se comunicar melhor ou dizer ao companheiro o que você gosta", finaliza Kristen.