Procedimento busca “voltar o relógio do tempo “ e rejuvenescer o rosto
Paolo Rubez* Publicado em 05/07/2022, às 10h00
Ao analisarmos a estética de uma face, nós a dividimos em terços : superior, médio e inferior. O terço superior corresponde genericamente à área da testa e sobrancelhas; o terço médio à região dos olhos e nariz, e o inferior contém lábios e queixo (mento). A face ideal tem simetria entre estes terços, sendo que eles apresentam a mesma medida na altura vertical.
Para buscar a maior harmonia possível de uma face, nós também dividimos os tratamentos para cada terço. Os avanços nas técnicas de lifting facial nos últimos anos foram sobretudo para os terços médio e inferior. Para o terço superior, o tratamento busca melhora das rugas da testa e, muitas vezes, a elevação dos supercílios. Para as rugas, o tratamento mais usado ainda é a toxina botulínica (botox), sendo que ela também permite uma pequena elevação das sobrancelhas. Como alternativas cirúrgicas para esta elevação existem algumas técnicas descritas, porém não há uma unanimidade e, muitas vezes, é utilizado apenas a toxina para esta área da face.
Já as técnicas de lifting para o terço médio e o inferior apresentaram evoluções importantes nos últimos anos que permitiram que os resultados ficassem mais naturais e duradouros. Lembrando que o objetivo dos liftings é o de rejuvenescer o rosto, “apagando” os sinais da idade como rugas, flacidez de pele e perda do contorno da face. O processo de envelhecimento provoca perda da sustentação das estruturas, perda de volume e, consequentemente, perda do contorno da face.
Uma face jovem e bela apresenta como características um terço médio com volume na área das “maçãs do rosto” e um contorno ósseo bem definido no malar, na mandíbula e no queixo. E o envelhecimento provoca exatamente a perda destas características, que são buscadas por meio do lifting.
O lifting facial busca “voltar o relógio do tempo “ e rejuvenescer o rosto trazendo as características da face jovem de cada um. Não se deve, portanto, buscar um resultado semelhante ao de outra pessoa e, sim, uma versão mais jovem de si.
Antigamente estes procedimentos eram feitos apenas nas camadas mais superficiais do rosto, sobretudo na pele. Ou seja, buscava-se rejuvenescer “esticando” a pele e retirando seu excesso. No entanto, isto vai contra o próprio processo do envelhecimento, que ocorre em todas as camadas da face e não apenas nas mais superficiais. Mesmo o osso sofre alterações com os anos, como perda de volume. Esses tipos de lifting procuravam “compensar” o envelhecimento apenas tratando a pele, o que provocava resultados artificias e desarmoniosos.
As técnicas atuais apresentam melhores resultados exatamente por tratarem tanto as camadas superficiais quanto as profundas, e reporem o volume perdido com a idade. Isto é feito por meio do reposicionamento das camadas profundas do rosto, retirada do excesso de pele e reposição de volume com o uso de gordura do próprio corpo (lipoenxertia).
O preenchimento com gordura é hoje parte fundamental nos liftings. Em geral, retira-se uma pequena quantidade de gordura por meio de lipoaspiração do abdômen ou coxas, prepara-se e injeta nas áreas com mais depressão, por exemplo olheiras e “bigode chinês". A gordura além de ser uma forma definitiva de preenchimento também melhora a qualidade da pele por apresentar células tronco. É o “líquido de ouro” (liquid gold) .
Com relação às técnicas de reposicionamento de tecidos nos liftings, a maior novidade está na chamada Deep Plane Facelift, nome em inglês que significa lifting das camadas profundas da face. Levanta-se a pele e reposiciona-se a camada chamada SMAS (Sistema Músculo-Aponeurótico Superficial). E, ao final, retira-se o excesso de pele, sem esticar demais o rosto. Esta técnica faz com que os resultados sejam melhores, mais naturais e mais duradouros. Antigamente, o SMAS não era tratado, ou era feito de maneira menos eficaz e perdurável.
Seguindo esta mesma tendência vem o Deep Neck Lift, técnica para rejuvenescer a região da papada e pescoço. Ela também trata desde as camadas superficiais, como pele e gordura superficial, até as profundas, como músculos, gordura profunda e glândulas. Em um comparativo, a famosa lipo de papada trata apenas uma dessas camadas, a gordura superficial e, apesar de muito popular, permite resultados bastante mais limitados. O Deep Neck é um procedimento muito realizado também em jovens que desejam maior definição para esta região, e é uma das grandes evoluções no tratamento da face dos últimos anos.
*Paolo Rubez é cirurgião plástico e mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca dos EUA. Instagram: @drpaolorubez
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