Redação Publicado em 07/06/2021, às 20h30
O número de consultas de saúde mental para novas mães foi 30% maior durante a pandemia de Covid-19 quando comparadas ao período pré-pandêmico, particularmente nos primeiros três meses após o parto. Pelo menos é o que sugere uma nova pesquisa do Canadian Medical Association Journal (CMAJ).
De acordo com os pesquisadores, apesar do aumento das taxas de visitação aos profissionais de saúde mental terem sido registradas em março de 2020 – e o estado de emergência tenha sido declarado apenas no meio do mês – o fato sugere que a angústia relacionada à pandemia se traduziu em uma necessidade crescente (e urgente) de cuidados.
Vale lembrar que a depressão pós-parto afeta uma em cada cinco mães e pode provocar consequências a longo prazo para as crianças e suas respectivas famílias.
A equipe analisou as consultas de saúde mental de 137.609 pessoas em Ontário (Canadá) durante o período pós-parto – que abrange desde a data do nascimento até 365 dias depois –de março a novembro de 2020.
Foram coletados dados sobre a idade, número de filhos, renda, diversidade étnica e região de residência com base nas 34 unidades de saúde pública do Estado, que também foram divididas entre norte e sul.
Ao longo do período de estudo, as consultas de saúde mental com médicos de família e psiquiatras foram maiores do que antes da pandemia, especialmente entre pais com transtornos de ansiedade, depressão, uso de álcool e substâncias. Os residentes da região norte tiveram aumentos relativamente baixos após julho de 2020, provavelmente devido às menores restrições da Covid-19 no segundo semestre.
Confira:
A forma como o atendimento foi prestado durante a pandemia mudou do período anterior: 84,8% das consultas de saúde mental pós-parto foram realizadas virtualmente em abril de 2020, em comparação com apenas 3,1% das visitas pré-pandêmicas.
Para os pesquisadores, o aumento da telemedicina pode ter removido barreiras de apoio à saúde mental para mães logo após o nascimento de seus filhos, como a necessidade de se deslocar, encontrar alguém para ficar com as crianças ou gerenciar horários, permitindo que mais pessoas buscassem o atendimento.
Entretanto, entre os pacientes dos bairros de renda mais baixa o aumento foi menor. Esse dado trouxe certa preocupação aos autores já que, segundo eles, indica que pacientes com menor poder aquisitivo podem ter maiores barreiras para acessar os cuidados à saúde mental.
Entre os obstáculos que podem dificultar esse acesso estão: problemas para pagar a tecnologia necessária, encontrar espaço privado para atender a consultas virtuais (por exemplo, casas lotadas), ou menos oportunidade de frequentar consultas presenciais por trabalhar em serviços considerados essenciais na pandemia.
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