Redação Publicado em 18/03/2021, às 19h00
A Covid-19 trouxe novos problemas para as gestantes nos Estados Unidos, segundo pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Washington. As norte-americanas eram o grupo com a maior taxa de mortalidade materna entre os países desenvolvidos antes mesmo da chegada da pandemia, o que só fez os temores aumentarem.
O artigo, publicado recentemente na revista BMC Pregnancy and Childbirth, revelou que uma das maiores preocupações dessas mulheres é o bebê contrair a doença. Muitas inclusive apresentam receio de que o simples fato de ir ao hospital dar à luz poderia fazer com que elas pegassem a doença e precisassem ficar isoladas dos filhos recém-nascidos.
Segundo os pesquisadores, as gestantes têm muitas perguntas para os médicos e algumas ainda sem resposta certa, o que acaba tornando a situação bem estressante. Vale dizer que o estresse pré-natal impacta o desenvolvimento fetal, portanto é algo que preocupa bastante os especialistas.
A pesquisa mostrou, ainda, que a pandemia aumentou a preocupação com a parte financeira, dificultou a busca por alimentos mais saudáveis e fez com que muitas perdessem consultas de pré-natal. Além disso, foram revelados níveis maiores de estresse e falta de apoio entre gestantes de cor e baixa renda, destacando ainda mais as desigualdades pré-existentes.
Para o estudo, a equipe analisou as respostas de um questionário com mais 160 grávidas e mulheres no puerpério de 28 de abril a 30 de junho de 2020. Foram coletadas tanto respostas quantitativas de todo o grupo, quanto qualitativas (mais aprofundadas), só de um subgrupo.
De acordo com os dados, 52% das gestantes e 49% das mulheres em pós-parto se preocuparam com a infecção da Covid-19, e 46% procuraram informações extras sobre os protocolos seguidos pelos hospitais onde planejavam dar à luz ou tinham feito o parto.
Já na parte qualitativa, as mulheres relataram preocupações sérias. Uma das participantes, por exemplo, revelou que seu maior medo durante a pandemia era ser contaminada pelo vírus e morrer. Outras se mostraram preocupadas em se infectar no hospital e que os protocolos de segurança as isolassem dos bebês ou impedissem a entrada dos parceiros na sala de parto.
Durante o período do levantamento, 27% das grávidas relataram não conseguir ter uma alimentação saudável e 25% faltaram às consultas pré-natais. Além disso, as finanças também apareceram como um ponto preocupante com 19% das entrevistadas dizendo ter tido sua renda reduzida, 9% foram demitidas e outros 10% relataram que alguém em casa perdeu o emprego.
Na amostra da pesquisa, notou-se que as mulheres grávidas estavam mais estressadas quando comparadas àquelas que já haviam dado à luz, pois eram menos propensas a se envolver em atividades saudáveis de enfrentamento ao estresse, como praticar exercícios físicos, diminuir o contato com notícias e ter tempo para relaxar.
As grávidas americanas já enfrentam mais estressores do que muitas outras mulheres à espera de um bebê em outros países industrializados. De acordo com um relatório de mortalidade materna, os EUA têm a maior taxa entre as nações desenvolvidas, e estressores sociais e ambientais contribuem para o risco de uma mulher americana morrer na gravidez ou no pós-parto.
Estudos anteriores também mostraram que, nos EUA, as gestantes apresentam níveis mais elevados de ansiedade e depressão quando comparadas às holandesas, além de índices mais altos de estresse psicológico do que as britânicas - e tudo isso antes da Covid-19.
Segundo os autores, os profissionais de saúde devem continuar conversando com as mães sobre todos os estressores, já que a saúde mental e bem-estar emocional são fundamentais tanto para elas, quanto para os bebês.
Muitas mulheres grávidas, inclusive, expressaram culpa por manter parentes, especialmente os avós, longe do recém-nascido devido às medidas de isolamento social. Ainda de acordo com os pesquisadores, muitas participantes revelaram estar estressadas porque tinham medo de ofender os familiares.
Portanto, é preciso ter em mente que os pais estão fazendo de tudo para manterem o bebê e a família saudáveis. Assim, os parentes devem tentar apoiar os desejos dos pais sobre como lidar com visitas em meio à pandemia.
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