Para pesquisadores, profissionais de saúde devem dar mais atenção ao potencial destrutivo da busca pela perfeição
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h19 - Atualizado às 23h57
O perfeccionismo pode ser uma qualidade requisitada, mas, em alguns casos, ela pode ser prejudicial. Um artigo mostra que essa característica é um fator de risco mais importante para o suicídio do que os especialistas imaginam.
Para o professor de psicologia Gordon Flett, da Universidade de York, no Canadá, os profissionais de saúde devem dar mais atenção ao potencial destrutivo do perfeccionismo.
Ele e dois professores, da Universidade de British Columbia e Western, respectivamente, ressaltam que médicos, advogados e arquitetos, cujas ocupações enfatizam a precisão, têm um risco maior de se suicidar por causa do perfeccionismo, assim como pessoas em cargos de liderança.
Em artigo publicado na revista Review of General Psychology, da Associação Americana de Psicologia, eles destacam que pensamentos suicidas muitas vezes estão ligados à pressão externa para ser perfeito. A exposição a essa demanda social, segundo os pesquisadores, está ligada de forma consistente à desesperança.
Os autores também observam que perfeccionistas muitas vezes cometem suicídios sem dar sinais prévios. A característica faz com que eles evitem demonstrar seus impulsos ou intenções suicidas. E o pior: eles planejam com perfeição como acabar com a própria vida.
Os pesquisadores esperam que a análise contribua para programas de prevenção ao suicídio. Mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo dão fim às próprias vidas a cada ano. Estima-se que essa seja a terceira principal causa de morte entre jovens em vários países, inclusive no Brasil.