Redação Publicado em 04/07/2024, às 14h00
Pesquisadores detectaram bactérias anaeróbicas (que não precisam de oxigêgio) e aeróbicas (que precisam de oxigênio) em tintas comerciais para tatuagem e maquiagem permanente. As descobertas, relatadas no Applied and Environmental Microbiology, um periódico da sociedade Americana de Microbiologia, demonstram que as tintas podem ser uma fonte de infecções humanas. O novo estudo foi considerado particularmente notável, pois é o primeiro a investigar a presença de bactérias anaeróbicas em tintas comerciais para tatuagem.
O autor correspondente do estudo, Seong-Jae Kim, microbiologista da Divisão de Microbiologia do Centro Nacional de Pesquisa Toxicológica, da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos) declarou que as descobertas revelam que tintas de tatuagem fechadas e lacradas podem abrigar bactérias anaeróbicas, conhecidas por prosperar em ambientes com baixo teor de oxigênio, como a camada dérmica da pele, juntamente com bactérias aeróbicas.
Isso sugere que tintas de tatuagem contaminadas podem ser uma fonte de infecção de ambos os tipos de bactérias. Os resultados enfatizam a importância de monitorar esses produtos para bactérias aeróbicas e anaeróbicas, incluindo microrganismos possivelmente patogênicos.
O principal objetivo do novo estudo foi avaliar a prevalência de contaminantes microbianos aeróbicos e anaeróbicos em tintas de tatuagem disponíveis no mercado dos Estados Unidos. Para a detecção de bactérias aeróbicas, os pesquisadores misturaram 1 a 2 gramas de solução de tinta de tatuagem com meio apropriado e as incubaram em uma incubadora padrão, e para detectar bactérias anaeróbicas, eles misturaram a solução de tinta com meio apropriado e as incubaram em uma câmara anaeróbica, um dispositivo projetado especificamente para cultivar anaeróbicos.
Esta câmara é mantida livre de oxigênio por lavagem constante com uma mistura de gases como nitrogênio, dióxido de carbono e hidrogênio. Os pesquisadores conduziram este procedimento para um total de 75 tintas de tatuagem de 14 fabricantes diferentes. Eles descobriram que cerca de 35% das tintas de tatuagem ou maquiagem permanente vendidas nos EUA estavam contaminadas com bactérias. Ambos os tipos de bactérias, aquelas que precisam de oxigênio (aeróbicas) e aquelas que não precisam de oxigênio (anaeróbicas), podem contaminar as tintas. Não havia uma ligação clara entre um rótulo de produto alegando esterilidade e a ausência real de contaminação bacteriana, alertaram.
Kim também comentou que a crescente popularidade da tatuagem nos últimos anos coincidiu com um aumento nas complicações ou reações adversas relacionadas a ela. O pesquisador também lembrou que se deve notar que as infecções microbianas constituem apenas um aspecto dessas complicações.
Além das infecções microbianas, complicações imunológicas como reações inflamatórias e hipersensibilidade alérgica, bem como respostas tóxicas, representam uma parcela significativa desses problemas. ‘À luz dos resultados do nosso estudo, queremos enfatizar a importância do monitoramento contínuo desses produtos para garantir a segurança microbiana das tintas de tatuagem’, divulgaram os pesquisadores.
Kim e seus colegas levarão a pesquisa adiante em duas direções principais. Eles desenvolverão métodos de detecção microbiana mais eficientes para tintas de tatuagem, tornando o processo mais rápido, mais preciso e menos trabalhoso. Eles também conduzirão pesquisas sistemáticas para aprofundar o entendimento da contaminação microbiana não só nas tintas de tatuagem como também na maquiagem permanente. Isso incluirá o estudo da ocorrência, coocorrência e diversidade de contaminantes microbianos, o que é essencial para prevenir a contaminação nesses produtos.
Fonte: EurekAlert!