Pesquisadores analisam o lado obscuro do perfeccionismo

Os efeitos negativos são mais percebidos no ambiente de trabalho do que na escola ou no esporte, dizem psicólogos

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h30 - Atualizado às 23h56

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Perfeccionismo em excesso pode sabotar o sucesso no trabalho, na escola ou nos esportes, segundo uma pesquisa publicada pela Sociedade Americana de Psicologia Social e de Personalidade.

Pesquisadores fizeram uma revisão ampla de 43 estudos científicos, realizados nos últimos 20 anos, sobre perfeccionismo e “burnout”, o esgotamento nervoso que muita gente tem sofrido no trabalho após longos períodos de estresse e insatisfação.

A equipe constatou que o perfeccionismo não é de todo ruim. A característica faz as pessoas buscarem um padrão elevado de trabalho ou estudo de forma pró-ativa, e muitas vezes leva à realização, o que até ajuda a prevenir o “burnout”.

O problema é que, quando as pessoas se preocupam excessivamente em cometer erros, e buscam metas quase inatingíveis, o lado obscuro do perfeccionismo aparece, conforme explica no artigo o professor de psicologia do esporte Andrew Hill, da Universidade York St. John.

Várias pesquisas já mostraram que estresse e preocupação em excesso podem contribuir para problemas graves, como depressão, ansiedade, distúrbio alimentar, fadiga e até mortalidade precoce. Além disso, o perfeccionismo acima do normal dificulta as relações e faz com que as pessoas não consigam lidar com contratempos – cada obstáculo é visto como um desastre.

Os pesquisadores perceberam que os efeitos negativos do perfeccionismo são mais percebidos no ambiente de trabalho, pois estudantes e atletas têm mais apoio social e objetivos mais bem definidos. Um aluno pode ser recompensado com uma nota alta, assim como um jogador de futebol, com um belo gol. Já em uma grande empresa ou fábrica, muita gente acaba sem ser reconhecido ou recompensado, o que contribui para o “burnout”.

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