Casos de intoxicação alimentar de animais de estimação têm preocupado cada vez mais os tutores no Brasil. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), mais de 30% das emergências veterinárias registradas no país estão relacionadas à ingestão acidental de alimentos tóxicos por cães e gatos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV), a rápida intervenção é fundamental para o sucesso do tratamento em casos de intoxicação alimentar.
“Os casos mais comuns incluem consumo de chocolate, uvas, cebola e produtos adoçados com xilitol, todos reconhecidos por seus efeitos adversos nos pets. Os sintomas variam de vômitos e diarreia a convulsões e insuficiência renal aguda”, explica Julia Bogik, da Pearson Saúde Animal.
Porém, há também casos em que os animais são envenenados propositadamente. E este assunto voltou à tona em função de vários relatos ocorridos no Rio de Janeiro, mas essa realidade está presente em diversos locais do país. O envenenamento de animais por substâncias químicas e outros produtos que podem causar até mesmo a morte, ainda que seja uma prática criminosa e cruel, segue ocorrendo. Assim, gerando preocupação entre tutores e autoridades.
Juliana Dhein, médica-veterinária e gerente técnica do Grupo Hospitalar Pet Support, alerta sobre este risco: “Infelizmente, sabemos que essa maldade do envenenamento ainda é praticada. Além disso, sabemos que podem ocorrer também intoxicações acidentais. É muito importante estar atento ao pet e a qualquer sintoma que ele possa apresentar para agir o mais rápido possível”.
Alimentos contaminados: de acordo com Juliana, é comum que substâncias tóxicas sejam misturadas a alimentos atraentes para os animais, como pedaços de carne ou salsicha. Entre os venenos mais utilizados estão raticidas, pesticidas e medicamentos humanos.
Substâncias químicas no ambiente: produtos químicos usados em jardinagem, como fertilizantes e herbicidas, podem ser altamente tóxicos para os animais.
Plantas tóxicas: a médica-veterinária também explica que algumas plantas ornamentais, como lírios, azaleias e comigo-ninguém-pode, são venenosas se ingeridas, sendo estas ingestões geralmente acidentais por pets.
Produtos domésticos: produtos de limpeza, medicamentos humanos e outros itens domésticos comuns podem ser extremamente perigosos se ingeridos.
Juliana relata que se o pet apresentar algum dos seguintes sintomas, ele pode ter sido envenenado:
-Vômito e diarreia
-Salivação excessiva
-Convulsões ou tremores
-Fraqueza ou letargia
-Dificuldade para respirar
-Pupilas dilatadas ou contraídas
De acordo com a médica-veterinária, é preciso manter a calma para agir de maneira eficaz. Para isso, ela destaca alguns passos a serem seguidos:
-Contato imediato com o veterinário: leve o seu pet imediatamente ao veterinário. Se possível, leve uma amostra do que acredita ter causado o envenenamento (embalagem do produto, planta ou alimento).
-Não induza o vômito sem orientação: induzir o vômito pode ser perigoso dependendo da substância ngerida. Siga as orientações do veterinário.
-Mantenha produtos perigosos fora do alcance: certifique-se de que produtos químicos, alimentos tóxicos e plantas venenosas estejam sempre fora do alcance dos animais.
-Use somente medicamentos prescritos por um médico-veterinário: muitos remédios de uso humano podem ser tóxicos aos pets, por isso é importante não usar nenhum medicamento que não tenha sido prescrito por um médico veterinário.
Supervisionar seu pet durante passeios e evitar que ele tenha acesso a locais onde pode haver substâncias tóxicas. “O envenenamento de pets é uma prática cruel e ilegal. É fundamental que a população se mantenha vigilante e reporte qualquer atividade suspeita às autoridades competentes. Com medidas preventivas e uma resposta rápida, podemos proteger nossos animais de estimação e garantir seu bem-estar”, finaliza a médica-veterinária.
Algo que se deve fazer é nunca deixar o animal dar "voltinhas", pois além do risco de ser envenenado, ele pode ser agredido, atropelado, se envolver em brigas com outros animais, contrair doenças etc. Se tiver gatos, tele a casa ou apartamento. E ao passear com seu pet, sempre preste atenção ao que ele está fazendo, evitando que coma algo jogado na rua, por exemplo.
Para Julia Bogik, a administração rápida de substâncias absorventes pode ser determinante para a recuperação saudável dos animais. “Em casos de intoxicação, podemos usar carvão ativado e outros agentes para reduzir a absorção das toxinas pelo organismo do pet, proporcionando uma desintoxicação imediata e eficaz. Além disso, os tutores precisam ficar atentos à ingestão de alimentos e, caso aconteça algum incidente, um médico-veterinário deve ser procurado o quanto antes”.
O carvão ativado é indicado para esses casos porque funciona como um filtro de impurezas e toxinas, inibindo a absorção gastrintestinal e diminuindo a quantidade disponível de toxinas para absorção pelo sistema digestivo. Segundo dados do Sistema de Informação Toxicológica do CFMV, em 2023 foram registrados mais de 15 mil casos de intoxicação alimentar em cães e gatos no Brasil. “Quando se trata de emergências por intoxicação em cães e gatos, o suplemento mineral Coalvet é uma solução eficaz e fácil de administrar, mas que deve estar aliada ao atendimento médico de urgência”, relata Julia.
Fonte: Grupo Hospitalar Pet Support / Pèarson
Cármen Guaresemin
Filha da PUC de SP. Há anos faz matérias sobre saúde, beleza, bem-estar e alimentação. Adora música, cinema e a natureza. Tem o blog Se Meu Pet Falasse, no qual escreve sobre animais, outra grande paixão. @Carmen_Gua