Poluição do ar pode causar maior risco de demência, aponta estudo

O aumento de apenas 1 micrograma por metro cúbico de exposição correspondeu a um risco 16% maior de demência

Redação Publicado em 10/08/2021, às 11h00

Poluição do ar é um dos principais fatores de risco potencialmente modificáveis para a demência - iStock

Não é nenhuma novidade, pois há muito se sabe que a poluição pode prejudicar o coração e os pulmões. Agora, novas pesquisas descobriram que ela também faz mal ao cérebro. Um longo estudo, realizado por uma equipe de cientistas de Seattle, nos Estados Unidos, relacionou a exposição a níveis mais elevados de partículas finas de poluição do ar a um risco aumentado de demência.

Foi descoberto que um aumento de apenas 1 micrograma por metro cúbico de exposição correspondeu a um risco 16% maior de demência por todas as causas, inclusive uma associação semelhante para demência do tipo Alzheimer.

Rachel Shaffer fez a pesquisa como estudante de doutorado no Departamento de Ciências Ambientais e de Saúde Ocupacional da Universidade de Washington, nos EUA. Ela e seus colegas analisaram dados de mais de 4.000 residentes da área de Seattle matriculados no estudo “Adult Changes in Thought”, conduzido pelo Kaiser Permanente Washington Research Institute em colaboração com a universidade.

Mais de 1.000 participantes foram diagnosticados com demência desde o início do estudo em 1994. Um ligeiro aumento nos níveis de poluição por partículas finas, ao longo de uma década em bairros específicos, foi associado a um maior risco de demência para os residentes, de acordo com descobertas publicadas em no início de agosto na revista Environmental Health Perspectives.

Potencialmente modificável

Para colocar a diferença em perspectiva, algumas regiões de Seattle, com bastante tráfego, e áreas residenciais ao redor do Discovery Park, o maior parque de área natural da cidade, tiveram cerca de 1 micrograma por metro cúbico de diferença na poluição em 2019, disseram os pesquisadores. 

Sabemos que a demência se desenvolve ao longo de um extenso período de tempo. Leva anos – até décadas – para que essas patologias se desenvolvam no cérebro, então precisamos olhar para as exposições que cobrem esse período extenso”, disse a pesquisadora.

A poluição do ar é reconhecida como um dos principais fatores de risco potencialmente modificáveis para a demência. O estudo se soma a um conjunto de pesquisas sugerindo que a poluição do ar pode prejudicar o cérebro, e que reduzir a exposição das pessoas ao ar poluído pode ajudar a reduzir as taxas de demência, de acordo com os autores.

A equipe entendeu que o papel da exposição à poluição do ar na saúde evoluiu do primeiro pensamento, que era basicamente limitado a problemas respiratórios. Depois, foi provado que também há efeitos cardiovasculares. E, agora, há evidências que também afeta o cérebro.

Os pesquisadores, no entanto, descobriram uma das maneiras pelas quais os indivíduos podem reduzir o risco, e é algo simples e comum em tempos de Covid-19: usar máscara. Porém, eles admitem que não é justo colocar o fardo apenas nas pessoas. Os dados do estudo podem apoiar novas ações políticas para controlar as fontes de poluição do ar por partículas.

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