Estudo mostra que a exposição durante a gravidez pode levar a transtornos mais tarde
Tatiana Pronin Publicado em 29/05/2024, às 18h00
O meio ambiente interfere não só na nossa saúde física, como também na saúde mental, inclusive de quem ainda está na barriga da mãe. Um estudo recente mostrou que a exposição à poluição atmosférica e sonora no início da vida pode estar associada a vários problemas comuns de saúde mental na adolescência e no início da idade adulta.
Uma análise com mais de 9.000 pessoas na Inglaterra descobriu que a maior exposição a partículas finas (PM2,5) na gravidez - um poluente comum e com impactos bem estabelecidos na saúde - estava associada a maiores chances de sintomas psicóticos e depressão.
O trabalho, coordenado por Joanne Newbury, da Bristol Medical School, também mostrou que a exposição a partículas finas durante a infância foi associada a taxas mais altas de experiências psicóticas, mas a associação pareceu enfraquecer após o ajuste para a exposição na gravidez, relataram os autores no periódico Jama Network Open.
“A exposição no início da vida pode ser prejudicial à saúde mental, dado o extenso desenvolvimento cerebral e os processos epigenéticos que ocorrem no útero e durante a infância”, argumentaram os pesquisadores.
A poluição atmosférica foi associada principalmente a experiências psicóticas e depressão, enquanto a poluição sonora foi mais associada à ansiedade na adolescência e no início da idade adulta.
Indivíduos expostos a níveis mais elevados de poluição sonora na adolescência apresentaram probabilidades elevadas de ansiedade. No entanto, a exposição dos adolescentes também foi mais fraca após o ajuste para a exposição durante a gravidez e a infância.
Eles também observaram que não houve associação entre a exposição a níveis mais elevados de poluição atmosférica e ansiedade.
Os pesquisadores coletaram dados de participantes da coorte de nascimentos de um estudo longitudinal, no Reino Unido, que inscreveu mulheres grávidas na cidade de Bristol, na Inglaterra, entre 1º de abril de 1991 e 31 de dezembro de 1992. Os participantes tinham idade média de 24,5 anos no seguimento e 51,4% eram do sexo feminino.
Entre a população total do estudo, 19,5% dos participantes relataram experiências psicóticas, 11,4% tiveram depressão e 9,7%, ansiedade.
Experiências psicóticas, depressão e ansiedade foram medidas aos 13, 18 e 24 anos. As experiências psicóticas foram medidas por meio de uma entrevista semiestruturada, que consistia em 12 itens centrais sobre alucinações, delírios e interferência de pensamento.
O estudo teve várias limitações, como o fato de que os participantes eram de uma população do Reino Unido mais rica e menos diversificada. Mas os resultados mostraram que é necessário compreender melhor o impacto da exposição a diferentes formas de poluição durante as diferentes fases do desenvolvimento humano. E isso pode levar a possíveis intervenções para proteger gestantes e crianças da poluição.
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