Estudo com ratos mostrou que obesos sofrem alterações no sistema de dopamina que podem dificultar a movimentação
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h44 - Atualizado às 23h54
Muita gente com excesso de peso prometeu para si mesmo que começaria a se exercitar neste ano novo, mas enfrenta uma dificuldade enorme de se levantar do sofá. O culpado disso, segundo pesquisadores, é um neurotransmissor chamado dopamina. As informações são do site Medical News Today.
A substância já foi associada antes à obesidade porque está relacionada à sensação de recompensa produzida pela comida. Mas cientistas do Instituto Nacional de Diabetes, Doenças Renais e Digestivas, nos Estados Unidos, descobriram que esse neurotransmissor também está ligado à falta de motivação para se exercitar.
Após anos de estudos com ratos com Parkinson, doença que envolve uma disfunção do sistema de dopamina e afeta o movimento, a equipe liderada por Alexxai Kravitz encontrou similaridades entre esses animais e os que se tornam obesos. Por isso, decidiram investigar qual seria a causa em comum.
Eles avaliaram um grupo de camundongos que tinha uma dieta normal e outro que recebeu uma alimentação rica em gordura. Os que recebiam excesso de calorias foram engordando ao longo das semanas. Mesmo antes de ficarem com excesso de peso, os animais passaram a se movimentar menos, mostrando que o culpado pela inatividade não era o peso extra.
Ao estudar o cérebro dos bichos, eles descobriram que a ligação de um tipo de receptor de dopamina chamado D2R dos camundongos obesos foi reduzida. Em seguida, eles removeram, geneticamente, esse receptor de roedores magros submetidos a uma dieta rica em gordura. Por incrível que pareça, eles não ganharam mais peso, apesar da inatividade física.
Para os pesquisadores, isso sugere que a inatividade é uma consequência, e não uma causa da obesidade. Se confirmada em humanos, a conclusão derruba o estigma de que obesos têm preguiça de se exercitar. Os dados foram publicados no periódico Cell Metabolism.