Redação Publicado em 14/01/2022, às 15h30
Ao longo de nossa vida nós criamos inúmeras memórias, mas muitas delas são esquecidas. Mas por que isso acontece? Contrariando a suposição geral de que as memórias simplesmente decaem com o tempo, “esquecer” pode não ser uma coisa tão ruim.
De acordo com um estudo publicado na revista internacional Nature Reviews Neuroscience, o esquecimento pode representar uma forma de aprendizado. A nova teoria sugere que as mudanças em nossas capacidades de acessar memórias específicas são baseadas em um feedback ambiental e na previsibilidade.
Ou seja, esquecer pode ser uma característica funcional do cérebro,permitindo que ele interaja dinamicamente com o ambiente.
Em um mundo de mudanças constantes, esquecer algumas memórias pode ser benéfico por ser capaz, segundo a pesquisa, de levar a um comportamento mais flexível e a uma melhor tomada de decisão.
Em outras palavras, se memórias foram adquiridas em circunstâncias que não são totalmente relevantes para o ambiente atual, esquecê-las pode ser uma mudança positiva que melhora o bem-estar.
Os cientistas acreditam que aprendemos a esquecer algumas memórias enquanto retemos outras que são importantes. Esquecer, é claro, tem o custo de informações perdidas, mas, pelo menos em alguns casos, o esquecimento se deve ao acesso alterado à memória, e não à perda dela.
Confira:
Os pesquisadores explicam que as memórias são armazenadas em conjuntos de neurônios chamados "células engram" e a “devolução” bem-sucedida dessas memórias envolve a reativação desses conjuntos. A extensão lógica disso é que o esquecimento ocorre quando as células engram não podem ser reativadas.
As memórias em si ainda estão lá, mas se os conjuntos específicos não podem ser ativados, eles não podem ser chamados de volta. É como se as memórias fossem armazenadas em um cofre, mas não lembramos do código para desbloqueá-lo.
Assim, a nova teoria propõe que o esquecimento se deve à remodelação de circuitos que trocam as células engram de um estado acessível para um estado inacessível. Como a taxa de esquecimento é impactada pelas condições ambientais, os cientistas sugerem que o esquecer seja, na verdade, uma forma de aprendizado que altera a acessibilidade da memória de acordo com o ambiente e o quão previsível ela é.
É importante ressaltar que esse "esquecimento natural" é reversível em determinadas circunstâncias e que, em estados de doenças, como pessoas que vivem com Alzheimer, por exemplo, esses mecanismos naturais de esquecimento são “sequestrados”, resultando em uma grande redução da acessibilidade celular engram e, consequentemente, na perda de memória patológica.
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