Pesquisa com 1.000 jovens de 16 e 17 anos revela que eles sabem burlar as restrições de idade
Redação Publicado em 07/05/2021, às 12h38
Um estudo mostra que quase 80% dos adolescentes de 16 a 17 anos consomem pornografia na internet. O trabalho foi realizado pela Universidade Ludwig-Miximilians, na Alemanha, e contou com 1.000 adolescentes britânicos.
Os autores contam que, segundo levantamentos, 25% de todas as pesquisas feitas na internet atualmente levam a conteúdo explícito. Com tamanha facilidade de acesso, é quase impossível impedir que menores de idade sejam atraídos por esse material.
Entre os adolescentes entrevistados que consumiam pornografia, todos admitiram ter entrado em um site do tipo nos seis dias anteriores à abordagem. E muitos disseram ter acessado o conteúdo naquele mesmo dia.
As respostas indicam que os jovens passam, em média, duas horas por mês em sites comerciais de pornografia, acessados sempre pelo smartphone ou tablet.
A análise também revela que muitos adolescentes têm recorrido às mídias sociais para acessar conteúdo explícito. Como os pesquisadores já esperavam, a maioria dos jovens que consomem pornografia online é do sexo masculino.
Na Alemanha, bem como no Reino Unido, na França e no Canadá, esforços têm sido feitos para regulamentar o acesso à pornografia online. Algumas regras já existem, como verificação de idade antes de entrar nos sites.
Porém, o estudo mostra que metade dos entrevistados havia utilizado VPN (Rede Privada Virtual) ou o navegador Tor, que permite a conexão anônima. Assim, qualquer restrição específica de um país pode ser burlada.
De acordo com o professor Neil Thurman, coordenador da pesquisa, o mercado de pornografia está concentrado em um pequeno número de empresas globais. Por isso, eles sugerem que, além das medidas específicas para cada país, é importante que haja pressão sobre esses fornecedores de conteúdo para que implementem formas eficazes de restringir o acesso a menores de idade.
O especialista também recomenda que o mesmo seja feito com as plataformas de mídia social.
Estudos têm sugerido que o consumo excessivo de pornografia pode prejudicar a vida sexual das pessoas (homens e mulheres), à medida que produz expectativas irreais em relação ao desempenho na cama.
Cenas performáticas, em que a relação não acaba nunca e homens ejaculam grandes quantidades de sêmen, têm deixado até adultos preocupados com a própria performance. Adolescentes que acabaram de iniciar a vida sexual podem ser ainda mais influenciados e prejudicados por essas expectativas.
"E mais: a esmagadora maioria dos filmes pornográficos é misógina e machista", comenta Jairo Bouer. Assim, muito do que se estabelece na relação homem e mulher na cama não é apenas reflexo do machismo estrutural da sociedade em que a gente vive, mas também reflexo desses vídeos (que, por sua vez, também espelham a sociedade).
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