A procrastinação na hora de dormir é um comportamento comum entre adultos jovens, e tem sido associada a vários fatores diferentes, desde questões biológicas até o excesso de estímulos, como seriados envolventes que fazem você querer assistir “só mais um” episódio.
Um estudo recente, publicado no periódico Child Abuse & Neglect, foi mais a fundo, e investigou a relação desse fenômeno com possíveis experiências vividas na infância e a sensação de controle.
Situações difíceis experimentadas na infância têm um impacto duradouro em nosso comportamento. Os especialistas costumam categorizar ambientes adversos da infância em dois tipos: severidade (que refere-se a questões associadas a morte e incapacidade) e imprevisibilidade (que reflete taxas variáveis de severidade ao longo do tempo).
O status socioeconômico é frequentemente usado como um indicador de severidade, enquanto os indicadores de imprevisibilidade incluem mobilidade residencial, transições parentais e mudanças no emprego dos pais.
O trabalho, feito por pesquisadores da Universidade da China, contou com 453 estudantes universitários que responderam a questionários online. A análise dos resultados aponta para uma associação positiva entre ter enfrentado adversidades na infância e o hábito de procrastinar na hora de dormir. A descoberta está alinhada a pesquisas anteriores que indicam a relação entre experiências difíceis na infância e problemas de sono e comportamentos insalubres na vida adulta.
De acordo com os dados, a sensação de ter pouco controle sobre a própria vida, gerada pelas experiências enfrentadas quando criança explica, em parte, a tendência à procrastinação na hora de dormir durante a vida adulta.
Entender essa ligação pode ser importante para gerar tratamentos mais eficazes a quem sofre com problemas de sono. Enfatizar a melhora no senso de controle, por exemplo, pode ser uma boa maneira de ajudar as pessoas a modificarem comportamentos inadequados, como a tendência à procrastinação na hora de dormir. Vale lembrar que a privação de sono aumenta o risco de diversas doenças, como obesidade, problemas cardiovasculares e transtornos mentais.
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Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin