Apesar das constantes recomendações dos médicos para que as pessoas utilizem protetor solar diariamente, nem todos os brasileiros têm essa rotina. O produto, para muita gente, fica restrito às ocasiões em que se vai à praia ou à piscina. Além disso, há quem fique confuso com o que está nos rótulos dos produtos.
Não custa repetir: a exposição da pele ao sol de forma exagerada e sem o devido cuidado pode tornar a pele mais suscetível ao envelhecimento precoce, sem contar o risco maior de queimaduras e infecções, como herpes simples, além de danos a longo prazo, como o de desenvolver um câncer de pele.
O fator de proteção solar (FPS) pode ser entendido como um índice que determina o grau de proteção dos efeitos do sol e que varia de acordo com o tipo de pele, o tempo de exposição solar e o horário da exposição. “A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda um filtro solar com FPS mínimo de 30. No entanto, como a quantidade aplicada pelas pessoas é sempre inferior àquela recomendada, na prática orientamos um filtro solar com FPS de 50 ou mais”, explica o dermatologista Daniel Cassiano.
O dermatologista salienta ainda que mesmo fototipos mais altos devem seguir essa recomendação de usar um protetor com FPS mais alto. Os fototipos cutâneos seguem uma classificação, sendo a mais famosa a de Fitzpatrick, que variam de acordo com a quantidade de melanina, com a capacidade de bronzear e de queimar durante uma exposição solar. Esses fototipos podem ser classificados em:
Assim, quanto mais clara a pele, maior deve ser o FPS. Além disso, a SBD também orienta que na hora de escolher o índice de proteção contra raios ultravioleta (UV), deve-se levar em consideração doenças relacionadas à exposição solar, como melasma, rosácea e câncer de pele, dentre outras.
A dermatologista Ana Maria Pellegrini, também membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, esclarece o significado de outras siglas que são encontradas com frequência nos rótulos dos produtos:
UVA: é uma radiação emitida pelo sol e presente ao logo do dia, e que pode atravessar nuvens, janelas e vidros. Sua incidência não muda com a época do ano nem com o clima. Entra profundamente na pele, por isso ela é considerada a principal responsável pelo envelhecimento precoce (manchas e rugas), além de também ter relação com o câncer de pele. Mas, diferente da UVB, ela é indolor, sua ação é na derme, sendo responsável por produzir os temidos radicais livres.
UVB: é a outra radiação ultravioleta de maior importância para a pele. O UVB é capaz de deixar a pele avermelhada, com queimaduras e ardência. Essa radiação está presente em maior porcentagem entre às 10 e 16 horas e está envolvida na síntese da vitamina D. No entanto, por reduzir as defesas primárias do corpo, presentes na superfície da pele, também aumenta o risco de câncer.
PPD / FP-UVA: PPD significa Persistant Pigment Darkening e indica o grau de proteção contra os raios UVA. Nos rótulos, o PPD pode aparecer como FP-UVA (Fator de Proteção UVA). O ideal é que o rótulo tenha números a partir de 10 ou represente, no mínimo, um terço do FPS.
PA+: produtos importados podem exibir as siglas PA+, PA++, PA+++, PA++++, que é uma escala PPD, ou seja, o grau de proteção UVA de um protetor solar. Uma proteção entre 2 e 4 é apontada como PA+, entre 4 e 8 é PA++, entre 8 e 16 é PA+++ e maior que 16 é PA++++, sendo os dois últimos as melhores opções.
IR: sigla mais rara, que significa Infrared ou infravermelho, uma radiação sentida na pele através do calor ou mormaço. Ela atinge a derme mais profunda, o que afeta a elasticidade da pele. Além disso, o infravermelho também está associado a piora de manchas pré-existentes, especialmente do melasma. A dermatologista explica que, nesses casos, é importante o uso proteção física e antioxidantes que diminuam o processo inflamatório causado pelo Infrared. Para esse tipo de proteção, os filtros físicos ou com cor são uma boa pedida.
Para funcionar adequadamente, é importante aplicar uma quantidade adequada de protetor solar e espalhá-lo de forma uniforme na pele. A recomendação da SBD em relação à quantidade do fotoprotetor é:
O ideal é aplicar 20 minutos antes da exposição solar e também é importante reaplicar o produto duas horas depois, ou após mergulho ou suor intenso, mesmo que o rótulo traga os dizeres "à prova d`água".
Lembre-se que mesmo em dias nublados ou quando se vai ficar embaixo do guarda-sol, por exemplo, é fundamental usar filtro solar. Além disso, a SDB também recomenda que a exposição ao sol seja feita antes das 10h ou após as 15h, já que entre esse horário a incidência de raios UV é maior, logo, mais nociva para a pele.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY e é membro da Association of Health Care Journalists. Twitter: @tatianapronin