Esse diagnóstico não é simples, mas não significa que não existe tratamento
Tatiana Pronin Publicado em 06/02/2024, às 18h00
O que é psicopatia? Antes de tudo, é importante dizer que essa definição é complexa, mesmo para os médicos, conforme descreve uma reportagem recente do site Live Science.
Segundo a neurocientista Katarina Howner, do Instituto Karolinksa, na Suécia, trata-se de um transtorno de personalidade com conexões muito próximas ao comportamento antisocial e criminoso.
Assim como outros transtornos de personalidade, a condição é identificada por psiquiatras após entrevistas sobre a história de vida. Os indivíduos afetados têm risco alto de cometer crimes violentos e repeti-los após sair da prisão.
Psicopatas são focados em si mesmos e em suas próprias necessidades, têm falta de empatia e não sentem vergonha ou culpa em relação aos atos cometidos. Eles também têm um senso de gradiosidade e impulsividade, o que os faz agir sem medir as consequências.
Mas isso não significa que essas pessoas não possam ter algum nível de empatia. Os especialistas explicam que essa emoção complexa possui subcategorias, e um psicopata pode, por exemplo, perceber as emoções alheias, tanto que costumam usar isso para manipular os outros.
Estudos têm mostrado que pessoas com psicopatia têm capacidade de experimentar empatia sob certas condições. De acordo com a psicóloga Arielle Baskin-Sommers, da Universidade de Yale, se você mostrar fotos de pessoas com diferentes emoções rápido demais ou misturar as imagens e mostrá-las a um psicopata, eles podem ter mais dificuldade para ler essas emoções.
Mas será que é possível ensinar empatia a alguém? Ela acredita que há razões para acreditar nisso. O fato de um psicopata demostrar habilidade para apresentar empatia dependendo da situação é um sinal promissor, para ela.
Como alguém se torna um psicopata? Esta não é uma resposta fácil. Alguns estudos indicam que isso ocorre por uma mistura de fatores genéticos e ambientais. Embora a causa exata seja desconhecida, seu efeito no cérebro é bem conhecido. Evidências demonstram que psicopatas apresentam profundas diferenças tanto na estrutura do cérebro quanto na maneira como diferentes partes do cérebro se comunicam.
Baskin-Sommers afirma que o tramanho e as funções da amígdala, uma região importante para o processamento das emoções, são realmente diferentes em indivíduos com psicopatia. Também há modificações em estruturas do córtex prefrontal, envolvidas no controle do comportamento. Isso significa que essas pessoas não processam emoções da mesma forma que indivíduos não psicopatas, e essa disparidade física é difícil de ser superada.
Tratamentos preconizados hoje em dia combinam diferentes abordagens, como terapia cognitivo-comportamental e medicação, mas não existe uma cura simples para ajudar psicopatas a experimentar empatia. As estratégias focadas em recompensar, de alguma forma, comportamentos positivos têm apresentado algum sucesso, e esse costuma ser o foco das intervenções.
A psicóloga diz que, segundo dados recentes, a psicopatia não é mais ou menos tratável do que qualquer outra doença psiquiátrica. “Infelizmente, existe uma narrativa sobre a psicopatia de que essas pessoas são fundalmentalmente más, mas a sociedade precisa perceber que esta é uma condição que merece apoio e demanda tratamento”, finaliza.
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