Quem pratica bullying fica mais propenso a transtornos mentais

Quando a gente pensa em bullying, é fácil acreditar nas terríveis consequências para as vítimas, como índices de depressão, uso de substâncias e suicídio.

Jairo Bouer Publicado em 06/12/2019, às 13h03

-

Quando a gente pensa em bullying, é fácil acreditar nas terríveis consequências para as vítimas, como índices de depressão, uso de substâncias e suicídio. Mas cada vez mais estudos têm sugerido que os agressores também precisam de ajuda. E muita.

Um trabalho publicado esta semana pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Columbia, nos EUA, é um dos que reforça essa “via de mão dupla” que envolve agressores e agredidos. Os pesquisadores descobriram que indivíduos que praticam bullying são mais propensos a internalizar seus problemas. E quanto mais eles fazem isso, maior sua propensão a humilhar outras pessoas.

Os resultados, publicados no Journal of Adolescent Health, foram obtidos a partir da análise de entrevistas com 13.200 jovens de 12 a 17 anos, uma amostra representativa do país. Entre os participantes, 79% disseram nunca ter cometido bullying na vida. Já 11% admitiram ter humilhado alguém há mais de um ano, e 10% afirmaram ter feito isso no ano anterior à abordagem. Esse último dado dá uma ideia mais clara de quanta gente tem o hábito frequente de agredir os outros.

Esses bullies, segundo o estudo, apresentaram uma probabilidade alta de desenvolver problemas de saúde mental, quando comparados aos jovens que nunca participaram de agressões. Os adolescentes com maior tendência a internalizar seus problemas foram os que humilhavam os outros com maior frequência. Em outras palavras, internalizar, agredir e ter algum tipo de transtorno estão interligados.

As estimativas usadas como referência pelos pesquisadores são de que 18 a 31% dos jovens estão envolvidos em bullying de alguma maneira. Se você pensar que tanto as vítimas quanto os agressores sofrem danos nesse processo, vai ver que muitos jovens têm algum grau de sofrimento emocional. É uma questão que acaba envolvendo a sociedade como um todo.

Para os autores, as estratégias de prevenção e intervenção ao bullying devem incluir recursos para ajudar os adolescentes a expressar e lidar melhor com emoções negativas. Sintomas de depressão e outros transtornos também devem ser tratados nesse contexto. Como você pode ver, não dá para exigir que só a escola ou só os pais resolvam um problema tão complexo. O esforço deve ser conjunto, e orientado por profissionais especializados.

emoções bullying adolescência saúde mental escola educação família