Experimento mostra que o isolamento social aumenta o nível de fadiga
Tatiana Pronin Publicado em 05/04/2023, às 16h00
Quer uma dica para se sentir mais energizad@? Busque contato social. Ainda que muita gente prefira ficar só quando bate o cansaço, um estudo feito durante a pandemia de Covid-19 sugere que passar oito horas de isolamento social pode causar um aumento dos níveis de fadiga comparável a quando ficamos em jejum.
O experimento, realizado por uma equipe da Universidade de Viena e publicado na Psychological Science, mostra que o processo é semelhante ao que ocorre quando ficamos muitas horas sem comer. Como seres sociais, precisamos de outras pessoas para sobreviver.
Os cientistas, liderados por Giorgia Silani, estudou os efeitos do isolamento social usando métodos comparáveis em dois contextos diferentes: no laboratório e em casa, durante a fase mais crítica da Covid.
Um grupo de 30 participantes do sexo feminino foi ao laboratório em três dias diferentes e, em cada ocasião, passou oito horas sem contato social ou sem comida, ou com contato social e comida.
Várias vezes ao longo do dia, as participantes relataram seus níveis de estresse, humor e fadiga autopercebidos, enquanto as respostas fisiológicas ao estresse, como frequência cardíaca e cortisol, foram registradas pelos cientistas.
Para validar os resultados do estudo de laboratório, eles foram comparados com medições de outro estudo realizado também durante a pandemia, em 2020, na Áustria e na Itália, quando 87 participantes que passaram pelo menos um período de oito horas em isolamento ao longo de sete dias.
"No estudo em laboratório, encontramos semelhanças marcantes entre isolamento social e privação de alimentos. Ambas as condições levaram à diminuição da energia e aumento da fadiga, o que é surpreendente, considerando que literalmente perdemos energia por meio da privação de alimentos, ao passo que não é o caso do isolamento social”, afirmaram os autores.
A descoberta também é corroborada pela comparação com dados obtidos durante o isolamento em casa: os participantes que moravam sozinhos e eram mais sociais também relataram níveis de energia mais baixos.
Os autores sugerem que a falta de energia pode ser parte da nossa resposta natural à falta de contato social e um possível precursor de alguns dos efeitos mais deletérios do isolamento social a longo prazo. "Sabe-se que a solidão prolongada e a fadiga estão relacionadas, mas sabemos pouco sobre os mecanismos imediatos subjacentes a essa relação”, complementaram os pesquisadores.
O estudo também descobriu que fatores contextuais e de personalidade modulam o impacto do isolamento social na fadiga; portanto, estudos futuros precisarão identificar os indivíduos com maior risco para os efeitos do isolamento social.
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