Ao incorporar um avatar, pacientes eram estimulados a exercitar a autocompaixão, o que ajudou a aliviar sintomas depressivos
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h36 - Atualizado às 23h55
Um estudo sugere que um jogo de realidade virtual pode ajudar no tratamento da depressão. Com ajuda da tecnologia, pacientes foram capazes de simular situações especialmente elaboradas pelos psicólogos para melhorar a autoimagem dos pacientes.
O trabalho foi conduzido por pesquisadores da Universidade College London, que já havia testado a técnica em indivíduos saudáveis. Desta vez, eles contaram com 15 pacientes diagnosticados com depressão – dez homens e cinco mulheres com idades entre 23 e 61 anos. Do total, dez estavam tomando antidepressivos, e os outros faziam somente terapia ou aguardavam atendimento psicológico.
O processo envolvia uma técnica conhecida como “incorporação”. Os participantes usavam um fone de ouvido e óculos de realidade virtual para ver as coisas sob a perspectiva de um avatar. Enquanto olhavam para um espelho, seu corpo se transformava no virtual, para aumentar a sensação de realidade.
Enquanto incorporavam o avatar, os participantes eram estimulados a interagir com uma criança virtual angustiada. Eles eram estimulados a sentir compaixão e, conforme interagiam com ela, a figura parava de chorar, respondendo positivamente. Depois, eles incorporavam a própria criança virtual e eram consolados com as mesmas palavras e gestos que tinham usado antes.
Cada sessão durou cerca de oito minutos e foi repetida uma vez por semana ao longo de 21 dias. Após um mês de tratamento, os pacientes relataram resultados positivos. Nove deles afirmaram que seus sintomas depressivos e de autocrítica tinham diminuído. E, para quatro desses participantes, a redução foi bastante significativa.
Todos relataram ter experimentado autocompaixão, algo que, segundo os pesquisadores, é importante para aliviar o excesso de autocrítica que as pessoas que lutam contra ansiedade e depressão costumam ter, especialmente quando as coisas dão errado.
A equipe espera confirmar os resultados em grupos maiores de pacientes. Eles acreditam que, no futuro, sistemas de realidade virtual terão baixo custo e poderão ser uma ferramenta de uso doméstico com bastante utilidade para quem sofre de transtornos psiquiátricos.
Os resultados foram publicados no British Journal of Psychiatry e divulgados no site Medical News Today.