Redação Publicado em 12/03/2021, às 18h04
Mães com excesso de peso e baixa renda comeram menos fast-food e lanches ricos em gordura depois de participar de um estudo da Universidade Estadual de Ohio (Estados Unidos) que tinha como objetivo prevenir o ganho de peso, controlar o estresse, incentivar a alimentação saudável e a prática de atividade física.
Segundo os autores do artigo publicado na revista Nutrients, a melhora da alimentação dessas mulheres não aconteceu porque elas receberam orientações sobre o que comer, mas sim porque a intervenção no estilo de vida ajudou a diminuir o estresse.
O estudo durou 16 semanas e o método utilizado foram aulas sobre gerenciamento de tempo, prioridades e o contato com uma série de vídeos com mães que levavam vidas semelhantes às participantes da pesquisa.
De acordo com a equipe, mostrar o depoimento de mulheres interagindo com suas respectivas famílias foi uma técnica adotada para aumentar a consicentização dos fatores de estresse. Após assistir aos vídeos, muitas participantes da intervenção disseram frases como "Esta é a primeira vez que eu percebi como estou estressada”.
Os autores ainda relataram que muitas dessas mães se sentem impacientes, têm dores de cabeça, tensão no pescoço, dificuldade para dormir e, mesmo assim, não conseguem identificar que esses sintomas são sinais de estresse.
Com a análise dos dados da pesquisa, observou-se que a redução do estresse percebido pelas mulheres após a participação no estudo de intervenção foi o principal fator que influenciou uma redução significativa no consumo de alimentos com alto teor de gordura e fast food.
Para os pesquisadores, os resultados mostram que essas mães até poderiam querer se alimentar de forma mais saudável, mas quando estão estressadas e não sabem como controlar esse sentimento, a última coisa que as preocupa é o que estão comendo.
Um total de 338 mães com sobrepeso ou obesidade, com idades entre 18 e 39 anos, foram recrutadas pelo Programa Especial de Nutrição Suplementar para Mulheres, Bebês e Crianças, que atende mães de baixa renda e crianças de até 5 anos de idade em Ohio.
Segundo a equipe, essas mulheres podem experienciar diversas situações que causam estresse: dificuldades financeiras, moradia precária, mudanças frequentes, relacionamentos afetivos instáveis e crianças pequenas.
Do total de participantes, um grupo de 212 assistiu a dez vídeos de mulheres como elas, que deram depoimentos não roteirizados sobre alimentação saudável, preparação dos alimentos, controle do estresse, e sobre como ser fisicamente ativas. Além disso, essas mães também participaram de dez chamadas de vídeo com grupos de apoio.
Os dados mostraram que as mulheres incluídas nesse grupo eram mais propensas a reduzir o consumo de gordura quando comparadas a um outro grupo de mães que receberam apenas materiais impressos sobre mudança de estilo de vida.
Entretanto, segundo os pesquisadores, as orientações fornecidas durante o estudo, por si só, não afetaram diretamente a mudança na dieta. Isso porque, ao avaliarem o papel do estresse como mediador e efeito indireto da intervenção, ficou claro que a melhora relatada pelas participantes no bem-estar é que levou ao consumo menor de alimentos ricos em gordura, incluindo fast-food.
A diminuição de apenas um ponto na escala de medição do estresse foi relacionada a uma redução de quase 7% na frequência com que as mulheres comiam alimentos mais gordurosos.
A intervenção concentrou-se em mostrar a essas mães exemplos de como poderiam alcançar um estilo de vida mais saudável e menos estressante sem precisar dizer o que elas tinham que alterar.
Segundo os pesquisadores, tudo precisa ser prático e aplicável à vida cotidiana. Durante o estudo, foram dados muitos conselhos sobre mudança de mentalidade, visto que muitas acabam se culpando por as coisas darem errado, ao invés de assumir e tentar resolver os problemas que causam estresse.
Ao ajudar no controle desse sentimento, a equipe ensinou as mães maneiras de lidar com emoções negativas e a sempre se lembrarem de que é algo passageiro. Para os pesquisadores, é importante aumentar a consciência das mulheres sobre os estressores na vida de cada uma e fazê-las lembrar que, infelizmente, nem todos os problemas estão sob seu controle.