Pesquisa ressalta a importância das medidas de proteção mesmo nos que já tiveram a doença
Redação Publicado em 18/03/2021, às 15h29
De acordo com pesquisa publicada no The Lancet, a maioria das pessoas que foram contaminadas pela Covid-19 ficam protegidas da doença por, pelo menos, seis meses. Entretanto, pacientes idosos são mais propensos à reinfecção, alerta o estudo.
A avaliação feita na Dinamarca, com dados de 2020, contou com grande número de pessoas e mostra que apenas uma pequena proporção de indivíduos (0,65%) apresentou um teste PCR positivo duas vezes. Porém, enquanto aqueles com menos de 65 anos estavam 80% protegidos contra uma nova infecção, os indivíduos com 65 anos ou mais apresentaram apenas 47% de imunidade, o que significa uma propensão bem maior a pegar a Covid-19 novamente.
Os resultados reforçam a importância de se manter todas as medidas para proteger os mais idosos durante a pandemia, com o distanciamento social e a priorização nas vacinas, mesmo para aqueles que já se recuperaram da doença uma vez.
Além disso, a análise também confirma que as pessoas que foram infectadas pelo vírus ainda devem ser vacinadas, pois ainda não se sabe muito sobre a imunidade natural, principalmente entre os idosos.
Estudos recentes sugerem que as reinfecções são raras e que a imunidade pode durar, pelo menos, seis meses. No entanto, falta compreender melhor o grau de proteção que uma contaminação pela Covid-19 fornece caso ocorra a segunda infecção.
De acordo com os pesquisadores, o estudo confirma o que outras pesquisas já levantaram: a reinfecção é rara em pessoas mais jovens e saudáveis, mas os idosos correm maiores riscos de pegar a doença novamente.
Eles ainda enfatizam que, uma vez que pessoas mais velhas são mais propensas a experimentar sintomas mais graves da doença, é extremamente importante aderir às medidas de proteção mesmo depois de ser contaminado pelo vírus.
Os autores analisaram dados coletados da estratégia nacional de testes de Covid-19 na Dinamarca, através do qual mais de dois terços da população - 69%, ou 4 milhões de pessoas - foram testadas em 2020. No país, o teste é gratuito e nacional, ou seja, aberto para qualquer pessoa independente dos sintomas, e esse é um dos pilares do plano dos dinamarqueses para controlar a propagação do vírus.
As informações foram coletadas para estimar a proteção contra uma possível reinfecção. As taxas de resultados dos testes, tanto positivos quanto negativos, foram calculadas levando em consideração a idade, sexo e tempo desde a primeira contaminação.
É importante resaltar que o estudo foi realizado com a cepa original de Covid-19, portanto não foi possível estimar a proteção contra a reinfecção pelas variantes da doença, algumas das quais são conhecidas por serem ainda mais transmissíveis.
Entre as pessoas que tiveram Covid-19 durante a primeira onda (março a maio de 2020), apenas 0,65% da população testou positivo novamente durante a segunda onda, que ocorreu entre setembro e dezembro do mesmo ano.
Dos indivíduos com menos de 65 anos infectados pela doença na primeira onda, 0,60% testeram positivo novamente durante a segunda onda. A taxa de infecção nesse último período, entre pessoas da mesma faixa etária que já haviam testado negativo, foi de 3,60%.
Entretanto, os dados mostraram que os idosos têm maior risco de reinfecção: 0,88% daqueles com 65 anos ou mais testaram positivo novamente na segunda onda. Entre os indivíduos na mesma faixa etária que não tiveram Covid-19 anteriormente, 2% apresentaram testes positivos entre setembro e dezembro.
Outra análise, com resultados parecidos, contou com dados de testes de quase 2,5 milhões de pessoas com o objetivo de determinar as taxas de reinfecção ao longo da pandemia, e não apenas na segunda onda.
Segundo os dados, apenas 0,48% das pessoas que testaram positivo anteriormente pegaram de novo o vírus três meses depois, em comparação com 2,2% para aqueles que inicialmente testaram negativo. Nesses casos, a proteção estimada contra a reinfecção foi de 78,8%.
Ao separar por grupos, a proteção contra novas infecções variou pouco entre as pessoas com menos de 65 anos, e foi estimada em 80,5%. No entanto, para aqueles com 65 anos ou mais, a proteção foi de apenas 47%.
Mesmo com os resultados dests e de outras pesquisas, os autores não identificaram evidências de que a proteção contra a reinfecção diminui em seis meses. Como a Covid-19 foi identificada em dezembro de 2019, o período de imunidade ainda precisa ser melhor determinado.
Para os pesquisadores, todos esses dados confirmam que a imunidade protetora conquistada através de infecções naturais é algo com a qual não se pode contar. Portanto, um programa global de vacinação é a solução mais eficaz e duradoura contra a Covid.
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