Redação Publicado em 27/12/2021, às 11h00
Originária do Oriente Médio e da Ásia Menor, a fruta já era cultivada no Irã por volta de 2000 a.C. Para os gregos, era símbolo de amor e fertilidade; para os judeus, simbolizava a esperança de um ano novo próspero; já para os romanos, significava ordem e riqueza. Por ter muitas sementes, sempre foi associada à fartura e prosperidade. Isto explica porque muita gente, na virada de ano, consome a fruta e guarda três sementes na carteira para atrair dinheiro e sorte abundante o ano todo.
Simpatias à parte, uma coisa é certa: a romã está entre as frutas mais saudáveis do planeta. Ela contém uma variedade de compostos vegetais benéficos, incomparáveis com outros alimentos. Estudos têm mostrado que ela pode trazer vários benefícios para o corpo, possivelmente reduzindo o risco de várias doenças. Abaixo, estão 12 benefícios que a romã traz para a saúde.
A romã, ou Punica granatum, é um arbusto que produz uma fruta vermelha. Categorizada como baga, é redonda e se parece com uma maçã vermelha com uma haste em forma de flor. A casca é grossa e não comestível, mas internamente há centenas de sementes comestíveis. Cada uma é cercada por uma cobertura vermelha, suculenta e doce, conhecida como arilo (cobertura carnuda de certas sementes). As sementes e arilos são as partes comestíveis da fruta - comidas cruas ou transformadas em suco. Romãs têm um perfil nutricional impressionante - uma xícara de arilos (174 gramas) contém:
Fibra: 7 gramas
Proteína: 3 gramas
Vitamina C: 30% do Ingestão Diária Recomendada (IDR)
Vitamina K: 36% do IDR
Folato: 16% do IDR
Potássio: 12% do IDR
Os arilos da romã também são muito doces, com uma xícara contendo 24 gramas de açúcar e 144 calorias. No entanto, a riqueza da fruta está nos compostos vegetais poderosos, alguns dos quais têm propriedades medicinais potentes.
E também duas substâncias exclusivas que são responsáveis pela maioria dos benefícios para a saúde:
Punicalaginas: antioxidantes extremamente potentes encontrados no suco e na casca da romã. São tão poderosas que se descobriu que o suco da fruta tem três vezes a atividade antioxidante do chá verde. O extrato e o pó de romã normalmente são feitos a partir da casca, devido aos altos teores de antioxidantes e punicalagina.
Ácido Punicico: encontrado no óleo de semente de romã, é o principal ácido graxo do arilo. É um tipo de ácido linoleico conjugado com potentes efeitos biológicos.
A inflamação crônica é uma das principais causas de muitas doenças graves, como as cardíacas, o câncer, o diabetes tipo 2, a doença de Alzheimer e até a obesidade. As romãs têm propriedades anti-inflamatórias potentes, amplamente mediadas pelas propriedades antioxidantes das punicalaginas. Estudos em tubos de ensaio mostraram que podem reduzir a atividade inflamatória no trato digestivo, bem como no câncer de mama e nas células do câncer de cólon.
Um estudo de 12 semanas em pessoas com diabetes descobriu que 250ml de suco de romã por dia reduziu os marcadores inflamatórios e interleucina-6 em 32% e 30%, respectivamente. Portanto, se você pensa em reduzir a inflamação em seu corpo, a romã é um excelente complemento para sua dieta.
O câncer de próstata é um tipo comum de câncer em homens. Estudos de laboratório sugerem que o extrato de romã pode retardar a reprodução das células cancerosas e até mesmo induzir a apoptose, ou morte celular, nas células cancerosas. O antígeno prostático específico (PSA) é um marcador sanguíneo para o câncer de próstata.
Homens cujos níveis de antígeno prostático específico dobram em um curto período de tempo correm um risco maior de morte por câncer de próstata. Curiosamente, um estudo com humanos descobriu que beber 237 ml de suco de romã por dia aumentou o tempo de duplicação do PSA de 15 para 54 meses - um aumento monumental. Um estudo de acompanhamento encontrou melhorias semelhantes usando um tipo de extrato de romã chamado POMx.
O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer em mulheres. O extrato de romã pode inibir a reprodução das células do câncer de mama - até mesmo matando algumas delas. No entanto, a evidência está atualmente limitada a estudos de laboratório. Mais pesquisas são necessárias antes que qualquer afirmação final possa ser feita.
A pressão alta (hipertensão) é uma das principais causas de ataques cardíacos e derrames. Em um estudo, pessoas com hipertensão tiveram uma redução significativa na pressão arterial após consumir 150 ml de suco de romã diariamente por duas semanas. Outros estudos encontraram efeitos semelhantes, especialmente para a pressão arterial sistólica, que é o maior número em uma leitura de pressão arterial.
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A artrite é um problema comum nos países ocidentais. Existem muitos tipos diferentes, mas a maioria envolve alguma forma de inflamação nas articulações. Considerando que os compostos vegetais da romã têm efeitos anti-inflamatórios, faz sentido que eles possam ajudar a tratar a artrite. Curiosamente, estudos de laboratório sugerem que o extrato de romã pode bloquear enzimas que são conhecidas por danificar as articulações em pessoas com osteoartrite. Este extrato também demonstrou aliviar a artrite em camundongos, mas as evidências de pesquisas baseadas em humanos ainda são muito limitadas.
A doença cardíaca é atualmente a causa mais comum de morte prematura no mundo. É uma doença complicada, impulsionada por muitos fatores diferentes. O ácido púnico, o principal ácido graxo da romã, pode ajudar a proteger contra várias etapas do processo de doença cardíaca. Um estudo de quatro semanas com 51 pessoas com altos níveis de triglicerídeos mostrou que 800 mg de óleo de semente de romã por dia reduziu significativamente os triglicerídeos e melhorou a proporção triglicerídeo-HDL.
Outro estudo analisou os efeitos do suco de romã em pessoas com diabetes tipo 2 e colesterol alto. Eles notaram reduções significativas no colesterol LDL "ruim", bem como outras melhorias. O suco de romã também demonstrou - em estudos com animais e humanos - proteger as partículas de colesterol LDL da oxidação, um dos principais passos no caminho para as doenças cardíacas. Finalmente, uma análise de pesquisa concluiu que o suco de romã reduz a pressão alta, que é um importante fator de risco para doenças cardíacas.
O dano oxidativo pode prejudicar o fluxo sanguíneo em todas as áreas do corpo, incluindo o tecido erétil. Foi demonstrado que o suco de romã ajuda a aumentar o fluxo sanguíneo e a resposta erétil em coelhos. Em um estudo com 53 homens com disfunção erétil, a romã pareceu ter algum benefício - mas não foi estatisticamente significativo. Portanto, é preciso que mais estudos sejam feitos com humanos.
Os compostos vegetais da romã podem ajudar a combater micro-organismos prejudiciais. Por exemplo, foi demonstrado que eles combatem alguns tipos de bactérias, bem como a levedura Candida albicans. Os efeitos antibacterianos e antifúngicos também podem proteger contra infecções e inflamações na boca. Isso inclui condições como gengivite, periodontite e estomatite dentária.
Existem algumas evidências de que a romã pode melhorar a memória. Um estudo em pacientes cirúrgicos descobriu que 2 gramas de extrato de romã evitaram déficits de memória após a cirurgia. Outro estudo, com 28 adultos mais velhos com problemas de memória, descobriu que 237 ml de suco de romã por dia melhorou significativamente os marcadores de memória verbal e visual. Estudos em ratos também sugerem que a romã pode ajudar a combater a doença de Alzheimer.
Já um estudo realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP detectou que a casca da romã apresenta maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante do que a polpa – a casca contém 95% mais compostos fenólicos (os principais responsáveis pela ação antioxidante) do que a polpa.
Os compostos contribuem para o bom funcionamento do organismo e prevenção de doenças, pois reduzem as reações de degradação oxidativa. Foi observado que o extrato da casca é capaz de inibir a enzima acetilcolinesterase, inibição análoga à provocada pelos medicamentos que são atualmente utilizados para a doença de Alzheimer. Essa enzima afeta o sistema colinérgico por meio da degradação de um neurotransmissor.
A fruta é rica em nitratos dietéticos, que comprovadamente melhoram o desempenho nos exercícios. Um estudo com 19 atletas correndo em uma esteira mostrou que um grama de extrato de romã, 30 minutos antes do exercício, aumentou significativamente o fluxo sanguíneo, atrasando o início da fadiga e aumentando a eficiência do exercício. Mais estudos são necessários, mas parece que a romã - assim como a beterraba - pode ser benéfica para o desempenho físico.
Fontes: Healthline / Jornal da USP
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