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Se afastar de usuários de drogas nem sempre é fácil, mostra estudo

Imagem Se afastar de usuários de drogas nem sempre é fácil, mostra estudo

Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h20 - Atualizado às 23h57

No período de recuperação, dependentes de álcool e outras drogas são sempre orientados a estabelecer novas amizades, a fim de se afastar da antiga rede de usuários. Mas um estudo realizado nos Estados Unidos mostra que isso não é tão fácil, especialmente para mulheres de baixa renda que dependem de outras pessoas para trabalhar e viver.

Em um artigo publicado no periódico Qualitative Health Research, pesquisadoras da Universidade Case Western Reserve comentam que, em muitos casos, outros membros da família também são usuários de drogas. E não dá para evitar a convivência diária com essas pessoas. O trabalho foi feito com 377 mulheres de classe baixa em Cleveland, e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde.

As participantes foram acompanhadas ao longo de um ano. No início da pesquisa, fizeram uma lista com 25 pessoas de sua rede social e descreveram o risco que cada uma apresentava de fazê-las voltar ao vício.

As pesquisadoras descobriram que, após seis meses do tratamento, as mulheres que tinham usuários de drogas entre parentes ou amigos eram mais propensas a voltar ao vício. O medo de perder essas pessoas, assim como o estigma e a culpa pela dependência, foi uma barreira importantes para a recuperação.

As mulheres tinham de fazer verdadeiros malabarismos para administrar o contato com usuários, já que não tinham recursos para mudar de endereço ou, por exemplo, contar com outras pessoas para cuidar dos filhos.

O estudo também mostrou que, embora as crianças sirvam como um motivo para querer abandonar o vício, cuidar dos filhos – que muitas vezes também apresentam problemas comportamentais – representa um fardo na vida dessas mulheres.

A pesquisa também indicou que grupos de apoio, como os de” 12 passos”, ajudam a fazer novos amigos, diminuindo o isolamento e trazendo uma perspectiva mais positiva. No entanto, muitos dos líderes desses grupos não tinham habilidades para lidar com os transtornos mentais de várias dessas dependentes.

Trabalhos desse tipo mostram o desafio que é tratar a dependência, já que nem sempre é possível tirar uma pessoa de um ambiente de risco. Quanto menos apoio ela tiver da sociedade, maior será a dificuldade para vencer as drogas.