Quem cultiva a generosidade tende a viver por mais tempo, descobriram pesquisadores do Instituto Max Planck de pesquisas demográficas, na Alemanha. O
Jairo Bouer Publicado em 01/09/2020, às 17h56 - Atualizado às 18h11
Quem cultiva a generosidade tende a viver por mais tempo, descobriram pesquisadores do Instituto Max Planck de pesquisas demográficas, na Alemanha. O trabalho foi feito com dados relativos a expectativa de vida e transferências entre contas bancárias privadas e estatais de 34 países, incluindo o Brasil. Rendas vitalícias e recursos enviados e recebidos por cada cidadão, ao longo da vida, foram analisados para cada população estudada.
De acordo com os resultados, publicados no periódico PNAS, a expectativa de vida tende a ser mais alta nas sociedades cujos integrantes apoiam umas às outras com recursos financeiros. Eles acrescentam que essa redistribuição interfere de maneira positiva na longevidade mesmo em países com PIB (Produto Interno Bruto) mais baixo.
Os países da África Subsaariana, como o Senegal, são os que compartilham a menor porcentagem de sua renda vitalícia e têm a maior taxa de mortalidade, entre todos os países estudados. Na África do Sul, que é economicamente mais desenvolvida que o restante do continente, também há pouca redistribuição de recursos, e a taxa de mortalidade é relativamente alta.
Nos países da Europa Ocidental e no Japão, onde foi observado maior nível de transferência de recursos para os mais jovens e os mais velhos, as taxas de mortalidade são mais baixas.
O Brasil e outros países estudados na América do Sul também pontuaram bem em termos de transferência de recursos, segundo os pesquisadores. Nessa região, as pessoas compartilham mais de 60% da renda média de sua vida com os outros. As taxas de mortalidade são mais baixas do que na África Subsaariana, porém mais altas do que as encontradas na Europa Ocidental, na Austrália, no Japão e em Taiwan.
Na França e no Japão, os dois países com as taxas de mortalidade mais baixas entre todos os países estudados, um cidadão médio compartilha entre 68 e 69% de sua renda vitalícia. Nessas localidades, o risco de um cidadão morrer no próximo ano, para indivíduos acima de 65 anos, foi quase a metade do registrado na China ou na Turquia, onde entre 44 e 48% da renda vitalícia é redistribuída.
O que mais surpreendeu os autores do estudo é que a relação entre generosidade e expectativa de vida foi observada tanto em transferências envolvendo o estado, quanto as famílias. Assim, eles concluem que dar e receber aumenta o bem-estar das pessoas. Quem recebe se beneficia diretamente da ajuda, e quem dá, indiretamente, por meio de satisfação emocional.