Nem sempre há sintomas, mas é preciso ficar atento a possíveis sinais
Redação Publicado em 22/02/2023, às 09h00
Basta um sintoma suspeito na região íntima após uma relação sexual desprotegida e muita gente entra em pânico: será que é uma infecção sexualmente transmissível (IST)?
A primeira coisa que as pessoas devem ter em mente quando se trata de ISTs é que, em boa parte das vezes, não há sintoma algum, ou os sinais são tão discretos que a pessoa não percebe que há algo de errado.
É por isso, aliás, que hoje não falamos mais em DST (doença sexualmente transmissível). Uma doença pressupõe sintomas, diagnóstico e tratamento. Uma pessoa doente pode tomar medidas para evitar que seu(s) parceiro(s) adoeça(m) também.
Mas certos germes transmitidos sexualmente podem não ser percebidos, e, dessa forma, uma pessoa infectada pode transmiti-los para outra sem saber.
Algumas infecções também podem demorar meses ou até anos para se manifestar, o que também dificulta muito o controle.
Por todos esses motivos, é muito difícil, quando não impossível, saber quem passou uma infecção para quem. Também é por isso que quem tem vida sexual ativa deve fazer check-ups regulares, e não só quando percebe algo de errado.
Para evitar uma IST, você já sabe: use preservativo em todas as relações, e desde o início da relação. Para certas infecções, ainda existem medidas adicionais – hepatite B e certos tipos de HPV, por exemplo, podem ser evitados com vacina, e o HIV, com a PEP (profilaxia pós-exposição) ou PrEP (profilaxia pré-exposição).
Agora que você já sabe que nem todas as ISTs causam sintomas, saiba quais os mais comuns, quando ocorrem:
- corrimento estranho (que sai da vagina, do pênis ou do ânus)
- coceira na região genital
- sangramento vaginal incomum
- erupções na pele
- lesões na região genital (como caroços, feridas, verrugas ou bolhas)
Cada tipo de infecção pode provocar sintomas específicos, e o período de incubação também pode variar para cada uma. Veja, a seguir, quais as ISTs mais frequentes e informações sobre cada uma.
Infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Cerca de 50% dos homens e 70% das mulheres infectadas não apresentam sintomas.
Quando aparecem, em geral é depois de 1 a 3 semanas. Os sintomas incluem:
- corrimento da vagina ou pênis
- dor ao fazer xixi
- sangramento vaginal (entre as menstruações ou depois do sexo)
- dor pélvica em mulheres
- dor testicular em homens
Provocada pelo vírus do herpes simples (ou Herpes Simplex Vírus, HSV) do tipo 2 (principalmente) ou também do tipo 1. A maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma quando infectada pela primeira vez. Quando há sintomas, eles podem aparecer após 4 a 7 dias, mas podem não surgir até meses ou anos depois. Os sintomas incluem:
- bolhas pequenas e dolorosas ao redor dos órgãos genitais
- dor ao fazer xixi
- formigamento ou coceira ao redor dos órgãos genitais
Também chamada de condiloma acuminado ou crista de galo, é provocada pelo vírus HPV. A maioria das pessoas não desenvolve lesões aparentes. Quando ocorrem, os sintomas podem depois 3 semanas, mas também pode levar muitos meses ou mesmo anos após a exposição.
- pequenas protuberâncias nos órgãos genitais ou ao redor do ânus (geralmente indolores, mas que podem coçar)
Provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, também chamada de gonococo. Cerca de 10% dos homens e 50% das mulheres infectadas não apresentam sintomas.
Os sintomas geralmente aparecem dentro de 2 semanas após a infecção, mas podem começar muito mais tarde. Eles incluem:
- corrimento esverdeado ou amarelado saindo da vagina ou do pênis
- dor ao fazer xixi
Provocada por um parasita (Pthirus pubis) que ataca os pelos pubianos, assim como o piolho ataca o cabelo. Pode levar várias semanas até que apareçam quaisquer sintomas, que incluem:
- coceira nas áreas afetadas, especialmente à noite
- inflamação e irritação causada pelo ato de coçar
- manchas azuladas, ou pequenas manchas de sangue na pele, como nas coxas ou na parte inferior da barriga
Causada pela bactéria Treponema pallidum. Os sintomas iniciais (a chamada sífilis primária) geralmente aparecem após 2 a 3 semanas, mas somem sozinhos. Já a segunda fase, chamada sífilis secundária, pode surgir apenas 2 ou 3 meses, com manchas no corpo. Eles incluem:
- uma ou mais pequenas feridas ou úlceras indolores nos órgãos genitais, também chamadas de “cancro duro”
- manchas na pele e sintomas semelhantes aos da gripe
Após as duas primeiras fases, ocorre um período de latência, sem sintomas, e então ocorre a sífilis terciária, uma condição grave que pode se manifestar de diversas formas, como complicações neurológicas e cardiovasculares.
Causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. Cerca de 50% dos homens e mulheres infectados não apresentam sintomas. Quando surgem, é geralmente após 4 semanas, ou até meses depois. Eles incluem:
- corrimento que sai da vagina ou do pênis
- dor ao fazer xixi
- coceira ou desconforto ao redor da vulva
Nem todo mundo apresenta sintomas ao se infectar com o HIV, mas eles podem surgir após 2 a 6 semanas e incluir:
- sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta, dores de cabeça e nos músculos ou articulações
- uma erupção vermelha no corpo
Depois que esses sintomas desaparecem, o que pode ocorrer depois de uma ou duas semanas, a infecção pode ficar assintomática durante anos. Vale lembrar que nem toda pessoa que tem o HIV irá desenvolver Aids.
Causada pelo vírus de mesmo nome, provoca uma versão mais leve da varíola humana. Os sintomas podem surgir de 6 a 21 dias após a exposição, e incluem:
- sintomas semelhantes aos da gripe, como febre, dores de cabeça e no corpo, calafrios e cansaço
- gânglios inchados
- lesões na pele (como as da catapora), inicialmente no rosto, mas que depois podem ir para outras partes do corpo e genitais
Fontes: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Infectologia e NHS (no Reino Unido)
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