Suicídio, overdose e cirrose: por que devemos nos preocupar com os EUA

Um estudo publicado esta semana confirma uma tendência que tem preocupado os EUA: a expectativa de vida no país tem diminuído desde 2014. Entre os

Jairo Bouer Publicado em 27/11/2019, às 19h11

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Um estudo publicado esta semana confirma uma tendência que tem preocupado os EUA: a expectativa de vida no país tem diminuído desde 2014. Entre os principais motivos dessa queda estão as mortes por suicídio, overdose de drogas e doença hepática provocada por excesso de álcool e gordura. O que nós, brasileiros, temos a ver com isso? Nada ou tudo? Talvez valha a pena prestar atenção nesses dados, já que nosso estilo de vida é bem parecido com o dos norte-americanos.

O trabalho, publicado no Jama, o periódico da Associação Médica Americana, é mais abrangente do que outros que já chamaram atenção para esse declínio sombrio, e leva em conta diferentes raças e etnias. Entre 2014 e 2016, a expectativa de vida de brancos não hispânicos baixou de 78,8 para 78,5 anos. Entre negros não hispânicos, caiu de 75,3 para 74,8. E, entre hispânicos, de 82,1 para 81,8.

O aumento das taxas de mortalidade de indivíduos de 25 a 64 anos de idade é o maior obstáculo para a longevidade naquele país. Curiosamente, essa é a fase da vida em que as pessoas trabalham mais. De 2010 a 2017, os valores passaram de 328,5 mortes por 100 mil habitantes para 348,2.

Nessa faixa etária, as taxas de suicídio aumentaram 38,3%, sendo que na faixa de 55 a 64 anos, o salto foi de 56%. Jovens e crianças de 5 a 14 anos também se destacam nessa triste estatística: em sete anos, a taxa de suicídio passou de 0,6 por 100 mil para 1,3.

A participação feminina em problemas que eram muito mais comuns nos homens é outra preocupação. O risco de morte por overdose de drogas, por exemplo, aumentou 486% para mulheres na meia-idade entre 1999 e 2017. Entre os homens, o crescimento no mesmo período foi de 351%. O aumento relativo também foi maior, para elas, no que se refere a suicídios e doença hepática ligada ao álcool.

O consumo desenfreado de opioides teve um papel importante no declínio da expectativa de vida, e esse é um problema que não temos. Apesar disso, a taxa de suicídios por 100 mil habitantes, no Brasil, aumentou 7% entre 2010 e 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A obesidade, que é um problema antigo nos EUA, só cresce entre os brasileiros. E diversos levantamentos recentes mostram que as garotas têm bebido cada vez mais, também, por aqui.

O artigo do Jama aponta um aspecto que está por trás de boa parte dessas mortes nos EUA: o sofrimento emocional. Álcool, drogas e comida gordurosa são válvulas de escape conhecidas para o estresse e a falta de satisfação com a vida. Por isso é bom que a gente olhe com cuidado para as estatísticas americanas e reflita sobre os nossos próprios problemas e hábitos.

*Do Blog do Jairo Bouer no UOL

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