Quem sofre de osteoartrite no joelho, também conhecida como artrose, costuma ter muito receio de fazer exercícios. Afinal, a condição causa dor e rigidez, e a pessoa fica com receio de agravar ainda mais o incômodo.
Apesar de a atividade física aliviar os sintomas, somente uma em cada 10 pessoas pratica exercícios regularmente. “Muitas pessoas acreditam, erroneamente, que a atividade física pode ser perigosa para a condição, apesar dos conselhos médicos lhes dizerem o contrário”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Um estudo recente da Universidade do Sul da Austrália descobriu que, dos entrevistados, 69% das pessoas com dor no joelho tinham mais crenças inconscientes de que o exercício era perigoso do que a média das pessoas sem dor. O médico diz que esse mito também é comum no Brasil.
Para entender por que as pessoas com osteoartrite podem não ser ativas, os estudos normalmente usam questionários para avaliar o medo de se mover. Mas, infelizmente, os questionários são limitados. Para avaliar isto, os pesquisadores desenvolveram uma ferramenta que pode detectar e avaliar as crenças implícitas das pessoas sobre o exercício; isto é, se eles inconscientemente pensam que a atividade é perigosa para a sua condição.
“Os pesquisadores descobriram que mesmo entre aqueles que disseram não ter medo do exercício, havia crenças inconscientes de que o movimento era perigoso”, diz o médico.
De acordo com a pesquisa, para compreender completamente como alguém se sente em relação a uma atividade, é importante ir além de apenas perguntar diretamente, porque as crenças implícitas podem, por vezes, ser um melhor preditor do comportamento real do que o que as pessoas relatam.
O teste de associação implícita online usado no estudo apresenta uma série de palavras e imagens às quais um participante deve associar rapidamente como sendo seguro ou perigoso. A ferramenta promove intencionalmente respostas instantâneas para evitar viés e outros fatores de influência.
Para o ortopedista, a descoberta ajudará os profissionais de saúde a apoiar melhor seus pacientes no envolvimento com atividades e exercícios. Também pode abrir oportunidades para educação em ciências da dor, terapia baseada em exposição ou terapia cognitivo-funcional.
Cortelazo ressalta que a atividade física ameniza sintomas da doença. Desde que feita com acompanhamento, sem sobrecarga excessiva, priorizando a técnica, ele acrescenta que a atividade física ameniza os sintomas da artrose a longo prazo, por estimular os músculos da coxa que ajudam a proteger a articulação do joelho.
"Apesar de fazer bem, a atividade física também pode desgastar as articulações dos joelhos, uma das mais complexas do corpo. Alongamento da forma correta, fortalecimento muscular e escolher o calçado ideal para a prática esportiva são três cuidados que devemos ter e que fazem muita diferença”, finaliza.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin