Uma pessoa pode temer ser atacada por um ou pode ter a crença supersticiosa de que eles são maus
Redação Publicado em 14/07/2022, às 12h00
Com suas naturezas misteriosas e imprevisíveis, os gatos há muito evocam medo e superstição em muitas pessoas. Eles inspiraram admiração, respeito e medo em várias culturas ao longo da história. Os antigos egípcios acreditavam que eles eram criaturas divinas e mágicas que traziam boa sorte para aqueles que os abrigavam. Em contraste, as pessoas que viviam na Idade Média temiam profundamente os gatos, que muitas vezes eram vistos como ajudantes de bruxas ou até mesmo as próprias bruxas.
Hoje, os gatos ainda invocam o terror em algumas pessoas. Uma pessoa com fobia de gato, ou ailurofobia, pode temer ser atacada por um ou pode ter a crença supersticiosa de que eles são maus.
Ailurofobia é um medo intenso e persistente de gatos. Também é chamado de gatofobia, elurofobia, felinofobia e fobia de gato. Uma variedade de fatores pode conduzir a fobia de gatos. Algumas pessoas temem ser mordidas, arranhadas ou atacadas por um. Para outros, é uma crença de que os gatos são maus. Isso é particularmente verdadeiro para gatos pretos – que têm sua própria fobia chamada mavrogatphobia em algumas partes do mundo, no Brasil o termo não é usado.
Para outras pessoas, a aflição é motivada pelo nojo e não pelo puro medo, semelhante à reação de uma pessoa em relação a baratas ou ratos. Embora a ailurofobia não seja reconhecida como um distúrbio distinto no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, revisão de texto (DSM-5-TR), seus sintomas se enquadram nos critérios de diagnóstico para fobia específica: tipo animal.
Os sintomas podem ser emocionais, psicológicos ou físicos e podem ser semelhantes ao que ocorre em um transtorno de ansiedade ou em um ataque de pânico. Os sintomas emocionais ou psicológicos da ailurofobia podem incluir:
A causa exata da ailurofobia não é clara. A fonte pode diferir para cada pessoa e resultar de vários fatores. Fatores contribuintes para ailurofobia podem incluir:
-Genética: fobias e outros transtornos de ansiedade geralmente ocorrem em famílias. Estudos com gêmeos descobriram que as fobias são 30% - 40% herdado.
-Experiência anterior ruim com gatos: uma pessoa que foi atacada por um gato na infância pode desenvolver ailurofobia.
-Química cerebral disfunciol: pesquisa de 2017 sugere que transtornos de ansiedade, como TEPT (transtorno do estresse pós-traumático) e fobias específicas, podem resultar de uma disfunção nos circuitos cerebrais.
-Ter outro transtorno de ansiedade ou outras fobias: indivíduos com uma fobia são 83% mais propensos a ter outra.
-Ter um familiar próximo com ailurofobia: se sua mãe ou seu pai tem um medo intenso de gatos, você pode ter aprendido esse medo observando-os.
De acordo com o DSM-5-TR, um diagnóstico de fobia específica de qualquer tipo é dado se seus sintomas atenderem aos seguintes critérios:
=Medo ou ansiedade significativos em relação a um objeto específico (na ailurofobia, são os gatos).
=O gatilho (gatos) quase sempre leva a um medo ou ansiedade súbito e intenso.
=O medo é muito mais grave do que o risco real do objeto ou situação específica.
=Gatilhos (casas de amigos com gatos ou lojas de animais) são ativamente evitados ou suportados com ansiedade severa.
=A fobia (medo de gatos) é persistente e dura seis meses ou mais.
=A fobia (medo de gatos) resulta em sofrimento clinicamente significativo ou funcionamento prejudicado. Por exemplo, você não pode mais ir para onde mora porque seu colega de quarto ganhou um gato.
=A fobia (medo de gatos) não é melhor explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) ou transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
O tratamento para fobias específicas pode incluir uma ou mais das seguintes técnicas:
-Inundação: também chamada de terapia de exposição in vivo, é uma forma de terapia comportamental e dessensibilização baseada nos princípios do condicionamento respondente. Essa técnica oferece o nível máximo de exposição ao seu gatilho sem qualquer tentativa de diminuir a ansiedade. A inundação é considerada a intervenção mais eficaz para muitas fobias, e pesquisas mostram que tem uma taxa de resposta de 80% a 90%.
-Técnicas de dessensibilização: este tratamento expõe a pessoa a uma lista de gatilhos, começando com o menos para o mais provocador de ansiedade. Nela também é possível aprender várias formas para lidar com a ansiedade, como técnicas de relaxamento e respiração.
-Dessensibilização e reprocessamento do movimento ocular (EMDR): trata os eventos em que a pessoa encontrou gatos como traumas não processados. Ela então trabalharia com essas memórias para superar seu medo de gatos.
-Terapia de realidade virtual: a pessoa pode superar o medo interagindo com gatos em uma tela de realidade virtual.
-Medicação: betabloqueadores (propranolol), benzodiazepínicos (Lorazepam), antidepressivos.
Existem várias coisas que uma pessoa pode fazer para lidar com a ailurofobia.
Técnicas de visualização: permitem que se use a imaginação para enfrentar os medos. Se você tem ailurofobia, pode visualizar certas situações envolvendo gatos e se ver lidando com elas com sucesso. Por exemplo, você pode se imaginar entrando em uma loja de animais. Ao “entrar” pela porta da frente do pet shop, pode se ver respirando profundamente e imaginando como seria não ter medo. Em sua mente, você poderia caminhar em direção aos gatos. Talvez você se imagine apenas olhando para eles ou acariciando-os sem qualquer ansiedade.
Meditação: práticas de redução de ansiedade, como a meditação, podem ajudá-lo a se sentir menos angustiado e com medo a longo prazo. Quando você encontra um gatilho de fobia, faz com que seu corpo libere altos níveis do hormônio do estresse cortisol, levando ao estado de “luta ou fuga”. Em contraste, a meditação treina seu cérebro e corpo para alcançar um estado altamente relaxado chamado de “resposta de relaxamento” – essencialmente o oposto do estado de luta ou fuga. Permanecer calmo ao encontrar um gatilho pode ajudá-lo a superar a ailurofobia.
Grupos de apoio: conversar com alguém que entende o que você está passando pode ser extremamente útil. Grupos de apoio podem fazer você se sentir validado. Existem inúmeros grupos de apoio para ansiedade e fobias. Você pode participar de um grupo presencial ou de um grupo online.
Quando procurar ajuda: considere procurar tratamento profissional se a ailurofobia interferir no funcionamento diário. Por exemplo, se você não puder visitar a casa do seu melhor amigo porque ele tem um gato, procurar tratamento para sua fobia pode melhorar sua qualidade de vida. Por outro lado, evitar gatos constantemente pode piorar seu medo. Se você sair do seu caminho para evitar gatos e acidentalmente encontrar um na rua, isso pode levar a um ataque de pânico.
Se seus sintomas de ailurofobia forem graves o suficiente para interferir em sua vida diária, não hesite em procurar tratamento profissional. Um psiquiatra ou terapeuta treinado para tratar fobias por meio de técnicas de inundação ou dessensibilização seria particularmente útil. Se seus sintomas não exigirem cuidados profissionais, considere ingressar em um grupo de apoio para fobias. Compartilhar suas experiências com os outros pode ser muito curativo.
Via: PsychCentral
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