Redação Publicado em 01/06/2021, às 14h00
De acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com a ausência da rotina escolar, estudantes que passam um tempo maior em frente às telas e trocam o dia pela noite têm maior tendência de desenvolver sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia de Covid-19.
Os achados mostraram que os dois comportamentos – excesso de tecnologia e sono invertido –, juntamente com o fato de ser do sexo feminino, foram os fatores mais associados ao surgimento desses sintomas.
A equipe analisou estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio das escolas públicas estaduais e municipais, todas localizadas nas periferias de São Paulo e Guarulhos. Segundo os dados, 10,5% apresentaram triagem positiva para depressão e 47,5% para ansiedade.
Para a pesquisa, o critério escolhido foi o Inventário de Depressão Infantil e de Ansiedade pelo SCARED (Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders), com um questionário on-line autopreenchido pelos alunos entre 29 de outubro e 14 de dezembro de 2020 – quando as escolas ainda estavam sem aula presencial.
O estudo contou com o apoio do coletivo Brigada pela Vida, que congrega diferentes setores do movimento de educação e saúde, com participação de professores e diretores das escolas, para ter acesso aos estudantes e à autorização formal das instituições de ensino e dos pais.
De acordo com os pesquisadores, outros fatores também foram relacionados a esses quadros: jovens que avaliaram que o conhecimento adquirido na escola é importante tendem a ter menos sintomas de depressão.
Além disso, estudantes que tiveram algum caso de Covid-19 dentro de casa apresentaram mais sintomas. Os autores explicam ainda que as mesmas tendências foram observadas em relação à ansiedade, mas os testes estatísticos não puderam confirmar um efeito constante.
Confira:
O artigo também traz um debate muito recorrente na sociedade: a falsa oposição entre o agravamento da saúde mental e a volta às aulas em meio a pandemia. Para os pesquisadores, se, por um lado, o retorno à rotina escolar pode reduzir a exposição às telas e a inversão do sono - amenizando os sintomas de depressão e ansiedade - por outro, a incidência de casos de Covid-19 entre familiares também impacta na saúde dos estudantes, podendo se tornar um fator ainda mais dominante com o agravamento da pandemia no Brasil.
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