Segundo estudo, aquelas que se exercitaram mais na pandemia sofreram menos
Redação Publicado em 12/10/2021, às 12h00
Mesmo de volta à rotina pré-pandemia, mais atividade física e menos tempo na frente das telas é o melhor presente que se pode dar para os mais jovens. Pesquisadores descobriram que crianças que se exercitaram mais e usaram menos a tecnologia durante a pandemia tiveram melhores escores de saúde mental.
O estudo incluiu mais de 500 pais de crianças de 6 a 11 anos, e mais de 500 pais de adolescentes de 11 a 17 anos. Todos foram questionados entre 22 de outubro e 2 de novembro de 2020. Os resultados foram publicados este mês no JAMA Network Open.
A autora principal do estudo, Pooja Tandon, pesquisadora do Hospital Infantil de Seattle, nos Estados Unidos, declarou: "Tanto como pediatra quanto como mãe, era óbvio que as circunstâncias da pandemia - fechamento de escolas , restrições às atividades regulares que mantêm as crianças ativas, ao ar livre e em movimento - tornaram muito difícil para elas praticarem as atividades físicas necessárias”.
Ela também lembra que, por causa do ensino remoto, que estava sendo realizado na maior parte não só dos EUA, mas do mundo todo, em 2020, as crianças passaram mais tempo em frente às telas, certamente por causa dos estudos, mas também para se divertirem.
Pooja e sua equipe queriam saber o que mudou em relação à atividade física e o tempo de tela durante a pandemia, com todas as restrições e quarentenas em vigor. Além disso, e mais importante, tentar conectar esses comportamentos a possíveis inpactos na saúde mental das crianças.
Aquelas que estavam mais expostas a estressores relacionados à pandemia se envolveram menos em atividades físicas gastando mais tempo em frente às telas. Mais importante ainda, o estudo descobriu que crianças que mantiveram melhores comportamentos de saúde foram associadas a uma melhor saúde mental.
Segundo os pesquisadores, os motivos disso ter ocorrido foram muitos. Graças a atividade física, alguns dos benefícios são fisiológicos. Mas, para as crianças, o exercício também inclui um aspecto social - elas brincam com outras pessoas, seja na hora do recreio nas escolas, no parquinho ou em esportes organizados.
A equipe de pesquisa comenta que existem vários tipos de benefícios nas atividades presenciais. E que, na verdade, só de as crianças se movimentarem já há melhora no bem-estar, assim como os benefícios sociais de fazer isso com outras pessoas, sejam crianças ou mesmo outros membros da família e adultos.
Se crianças e adolescentes estão gastando muito tempo na frente de uma tela, é sinal de podem não estar envolvidos em atividades mais saudáveis, incluindo fazer exercícios, dormir o necessário ou passar tempo com outras pessoas. Tudo isso promove uma melhor saúde mental.
Os pesquisadores lembram que há muito conteúdo disponível na internet que é violento ou impróprio para a idade. “Então, estamos aprendendo cada vez mais sobre os efeitos psicológicos prejudiciais das mídias sociais em termos de temas como imagem corporal e cyberbullying”.
Apenas 13,5% dos alunos do ensino fundamental e médio estavam praticando os 60 minutos recomendados de atividade física diariamente no momento da pesquisa, em comparação com cerca de 25% em outros estudos realizados antes do início da pandemia. O que surpreendeu os pesquisadores foi que mesmo aqueles que disseram “eu só faço atividade física em um dia por semana por 60 minutos” foram associados a melhores escores de saúde mental em comparação com aqueles que nada fizeram no período.
Pooja afirma que resolver isso não é um fardo que os pais e as famílias devam assumir por conta própria. Ela enfatiza que as escolas podem ajudar, estimulando pais e alunos para que "voltem aos trilhos" durante e após a pandemia: "Eu os estimulo a garantir que as oportunidades não sejam deixadas para trás, nessa conversa, que o recreio e os momentos de educação física, inclusive após a escola, como tempo ao ar livre e esportes, sejam realmente essenciais e, possivelmente, mais exigentes nesse tipo de reentrada para o que quer que esta próxima fase da pandemia nos traga".
Vale destacar que, para crianças mais novas, passar muito tempo em frente às telas pode significar que elas não estão se engajando em outras tarefas importantes para o seu desenvolvimento. É importante que, ao enfrentarem situações difíceis com seus pares, elas sejam capazes de enfrentar os estressores do mundo real. O exercício é uma prática básica de bem-estar, como dormir, comer regularmente e se hidratar. Esses quatro fatores ajudam a saúde mental de todos.
Fonte: Medical Press
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