Quando você era adolescente, deve ter ouvido seus pais dizerem para não fazer algo de errado só porque seus amigos todos faziam o mesmo. Mas um estudo sugere que a influência das amizades – para o bem e para o mal – se estende por toda a vida adulta.
O trabalho, publicado na quarta-feira no periódico Epidemiology and Psychiatric Sciences, descobriu que as amizades entre adultos mais velhos estavam associadas a vários indicadores de saúde física e comportamentos saudáveis, bem como a uma melhor saúde mental.
Os autores do estudo analisaram pesquisas de quase 13.000 pessoas com mais de 50 anos que participaram do Estudo de Saúde e Aposentadoria, nos EUA. Eles examinaram 35 questões de saúde e aspectos psicológicos e como eles estavam relacionados com a qualidade das amizades dos entrevistados.
Segundo o coautor do estudo, William Chopik, professor associado de psicologia na Universidade Estadual de Michigan, muitos estudos já associaram o fato de ter boas amizades a benefícios específicos para a saúde, mas o atual é mais abrangente. Os participantes do estudo responderam à pesquisa três vezes ao longo de oito anos.
Chopik e seus colegas descobriram que os indivíduos que têm amizades de alta qualidade tendem a viver mais e melhor. Veja alguns resultados encontrados:
- os indivíduos que tinham bons amigos apresentaram 24% menos probabilidade de morrer durante o período analisado.
- eles também presentaram um aumento de 9% na probabilidade de praticar exercícios;
- um risco 17% mais baixo de sofrer de depressão;
- e uma probabilidade 19% menor de sofrer um derrame.
Os autores definiram “amizades de alta qualidade” a partir da análise de três categorias: número de amigos, número de interações com amigos e sentir-se apoiado e feliz na companhia dos amigos.
Os perigos da solidão têm se tornado mais evidentes nos últimos anos, já que uma em cada quatro pessoas mais velhas experimenta isolamento social em todo o mundo, o que acarreta maiores riscos de derrame, ansiedade, demência, depressão, suicídio e outros problemas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Mas e os hábitos pouco saudáveis dos nossos amigos, será que eles também nos influenciam? Segundo o estudo, a resposta é “sim”: as pessoas do estudo que tinham as melhores amizades também foram um pouco mais propensas a fumar e a beber.
Chopik diz esperar que pesquisas futuras se aprofundem mais nesses detalhes e ajudem a mostrar como fazer novos amigos nas diferentes fases da vida. Mas a mensagem que fica é: cuide bem das suas amizades, para que elas durem para sempre.
Tatiana Pronin
Jornalista e editora do site Doutor Jairo, cobre ciência e saúde há mais de 20 anos, com forte interesse em saúde mental e ciências do comportamento. Vive em NY. Twitter: @tatianapronin