Redação Publicado em 21/01/2022, às 16h00
A obesidade foi tema de conversa no Big Brother Brasil 22, quando Tiago Abravanel, em conversa com Douglas Silva, Lucas, Pedro Scooby, Eslovênia, Eliezer e Paulo André, falou sobre gordofobia. Segundo o cantor e apresentador, a saúde não pode ser medida apenas observando a aparência de alguém.
O problema social hoje é que as pessoas olham para alguém gordo e automaticamente falam que ela não é saudável. Temos que desconstruir isso. E não é que eu esteja incentivando a obesidade. A saúde vai além da forma física. Ainda existe uma questão muito grande em relação a isso”, disse ele.
Pedro Scooby ainda pontuou: "É verdade, tem um monte de cara magrinho que não tem uma saúde boa".
Confira a conversa:
Tiago Abravanel falando sobre gordofobia e como a sociedade associa o gordo com preguiça #BBB22pic.twitter.com/I9bt9PjNQ0
— Eles que Lutem | 📺 (@elesquelutempod) January 21, 2022
Uma pesquisa recente investigou se pessoas obesas têm maior risco de desenvolverem doenças, mesmo quando estão com seus indicadores de saúde em dia. A obesidade afeta aproximadamente um em três indivíduos dos EUA. No Brasil, segundo o IBGE, em 2019, uma em cada quatro pessoas de 18 anos ou mais anos de idade estava obesa, o equivalente a 41 milhões de pessoas.
A obesidade é definida quando a pessoa tem um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou superior. Em 2013, a Associação Médica Americana considerou a obesidade uma doença. A lógica por trás disso foi aumentar a conscientização sobre as complicações metabólicas que geralmente a acompanham, bem como sobre o aumento do risco de doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
No entanto, alguns estudos sugeriram que existem pessoas obesas que são perfeitamente saudáveis e que, portanto, não devem ser categorizadas clinicamente como “doentes”.
Por um lado, existe um movimento forte conhecido como Body Positivity, e muito importante para a sociedade, de tentar mudar essa noção de que 'peso é igual a doença'. Por outro, há médicos que, com base em estudos, defendem que mesmo obesos saudáveis podem ter um risco aumentado de certas condições", comenta Dr. Jairo Bouer.
Vale lembrar que a discriminação contra pessoas que não se encaixam nos padrões é um fator de risco, também, para a saúde física e mental. Combater a gordofobia, portanto, é obrigação de todos nós.
Um grande estudo – o maior desse tipo, feito em 2017 pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido, sugeriu que obesidade saudável é um mito. Na época, foram analisados registros médicos de 3,5 milhões de adultos britânicos, feitos entre 1995 e 2015. Os participantes não tinham, no início da análise, histórico de doença cardiovascular.
A equipe dividiu a amostra em vários grupos em relação ao IMC e em subgrupos de acordo com a saúde metabólica – ou seja, se eles tinham ou não condições como diabetes, pressão alta ou níveis altos de gordura no sangue. Essa divisão resultou em quatro estágios de anormalidade metabólica: 0, 1, 2 e 3.
Os pesquisadores definiram “saudável” – ou nível 0 na escala metabólica – como não ter sinais de doença metabólica, ter pressão arterial e níveis de colesterol normais e não ter sinais de diabetes. Eles também monitoraram quais participantes desenvolveram condições cardiovasculares.
No geral, durante o período de acompanhamento, ocorreram vários problemas de saúde graves: 61.546 casos de doença cardíaca coronária, 54.705 casos de acidente vascular cerebral e miniderrame, 25.254 casos de insuficiência cardíaca e 23.797 casos de doença vascular periférica. Estatisticamente, foi possível observar um risco muito maior de eventos cardiovasculares adversos entre aqueles considerados obesos.
Especificamente, as pessoas com obesidade consideradas saudáveis eram 49% mais propensas a desenvolverem doença cardíaca coronária, bem como 96% mais propensas a terem insuficiência cardíaca. Além disso, elas tiveram uma chance 7% maior de terem um derrame.
O principal autor do estudo, o médico Rishi Caleyachetty, comentou, na época:
A ideia de ser obeso saudável é um mito. Nosso trabalho mostra que indivíduos obesos ditos ‘metabolicamente saudáveis’ ainda apresentam maior risco de doença coronariana, doença cerebrovascular e insuficiência cardíaca do que indivíduos metabolicamente saudáveis com peso normal.”
Assim, "é importante que pessoas acima do peso busquem ter hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, atividade física regular e controle de eventuais fatores de risco, como pressão alta, colesterol, triglicérides e glicose altos e assim por diante", diz Bouer. Além disso, ter acesso a recursos que permitam um emagrecimento gradual e sustentável também é algo essencial para essa população. Mesmo perdas discretas de peso podem ter grande repercussão positiva para o indivíduo.
Nada disso, porém, é justificativa para tratar qualquer pessoa, seja qual for a sua forma física, de maneira desrespeitosa. Afinal, a obesidade é uma doença multifatorial, e achar que ela pode ser combatida com força de vontade, apenas, também é mito.
Fonte: Medical News Today, Dr. Jairo Bouer
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