Há quem acredite que comer tomate com suas sementes pode causar cálculos renais (as famosas pedras nos rins). Mas será que isso faz sentido? De certa forma sim, mas não há motivos para retirar o tomate da alimentação diária. A nefrologista pediátrica Raniely Schmidt explica que “o tomate possui oxalato, substância que favorece a formação de cálculos nos rins. Porém, a quantidade de oxalato presente nesse fruto é muito pequena, já que 100 gramas de tomate tem cerca de 60 miligramas dessa substância. Trata-se de quantidade pequena e não causa nenhuma repercussão nos rins, já que o oxalato passa a ser tóxico a partir de 1.500 miligramas”.
A formação de cálculos se deve à ligação do oxalato ao cálcio, formando cristais de oxalato de cálcio, os quais correspondem a cerca de 80% dos casos de nefrolitíase (termo clínico para se referir às pedras nos rins). Por serem pouco solúveis na urina, esses cálculos atritam com a mucosa do trato urinário, causando dor ao serem eliminados. Outros fatores que podem aumentar o risco de nefrolitíase são a ingestão insuficiente de água e dieta rica em sódio e proteínas de origem animal.
Raniely, que também é professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo, ressalta que o tomate tem quantidade importante de citrato, substância também encontrada em frutas cítricas e que é considerada fator de proteção para a formação de cálculos renais.
“Não há recomendação específica para evitar o consumo de tomate, ou seja, mesmo pessoas com cálculos renais podem comer tomate, sim”, explica a nefrologista. Por outro lado, é preciso ter cuidado com molhos e extratos de tomate industrializados que, apesar de terem baixos níveis de oxalato quando comparados ao tomatein natura, são ricos em sódio e podem favorecer a formação de cálculos.
Schmidt ressalta que se os cálculos renais são de oxalato de cálcio, é importante ficar atento ao total de alimentos consumidos que são ricos em oxalato, já que em grande quantidade eles podem, então, favorecer a litíase renal. Dentre os alimentos que são fonte de oxalato estão espinafre, ruibarbo, carambola, beterraba, batata-doce e jiló com casca. A recomendação é que pessoas com cálculo renal não ultrapassem 50 miligramas de oxalato por dia e que esses alimentos sejam consumidos preferencialmente cozidos ou escaldados para reduzir a quantidade da substância.
*Leo Fávaro é acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo
Léo Fávaro
Ex-advogado, jornalista e, atualmente, acadêmico de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo. Escreveu por bastante tempo sobre música, cultura pop e moda, e atualmente se dedica a escrever sobre saúde. Está nas redes sociais como @leofavaro