Estudo reforça a tese de que o relógio interno de homens e mulheres funciona de forma um pouco diferente
Jairo Bouer Publicado em 14/10/2019, às 16h38 - Atualizado às 23h55
Trabalhar à noite ou de madrugada prejudica mais as mulheres do que os homens, de acordo com um estudo realizado pelo centro de pesquisas sobre sono da Universidade de Surrey, no Reino Unido. E isso mostra que o relógio interno pode funcionar de forma um pouco distinta para cada um dos gêneros.
Nosso relógio biológico controla diversos processos, como a produção de hormônios, o metabolismo e a pressão arterial. Existem evidências de que os altos e baixos nos níveis de melatonina – o hormônio do sono – diferem entre os gêneros, o que foi confirmado pelos pesquisadores na prática, ou seja, ao analisar a função mental nos dias seguintes ao atraso do sono.
O estudo contou com 16 homens e 18 mulheres, que simularam um dia com padrão de 28 horas, em vez de 24, em laboratório. Após alguns dias, os participantes começaram a dormir fora de sincronia com o seu relógio interno, como acontece com trabalhadores de turnos noturnos ou pessoas que viajam muito.
A cada três horas do período em que estavam despertos, eles foram submetidos a testes de desempenho – como atenção, controle motor e memória de curto prazo, e também a autoavaliações de sonolência, humor e esforço. Ao dormir, todos passavam por exames de monitoramento da atividade cerebral.
Tanto para homens quanto para mulheres, as autoavaliações foram mais sensíveis aos efeitos da jornada estendida, ou seja, o cansaço fez com que eles achassem que estavam pior do que realmente estavam. Mas, para o sexo feminino, os resultados dos testes objetivos foram de fato mais baixos, especialmente no início da manhã, o que equivaleria ao período em que um trabalhador noturno vai para a casa.
Os dados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.