Redação Publicado em 17/02/2021, às 12h30
Pesquisadores da Universidade da Califórnia - Riverside (UCR) defendem a necessidade de uma abordagem multidiscplinar - psicologia e dermatologia - para o tratamento da acne. Em um estudo sobre o tema, eles também descobriram que mulheres e pessoas com pele mais escura sofrem de maneira desproporcional com os impactos psicológicos provocados pelas espinhas.
A acne é algo prevalente entre os adolescentes, sendo que 20% apresentam o tipo moderado a grave e 85% experimentam crises recorrentes. Segundo o autor do artigo Misaki Natsuaki, professor de psicologia da UCR, a acne é fisicamente inofensiva e indolor, por isso muitas vezes subestimamos seus impactos na puberdade e na adolescência.
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Muitos estudos anteriores mostram a ligação entre acne e depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. Adolescentes que sofrem com as espinhas têm mais dificuldade em formar amizades, encontrar parceiros afetivos e se sentirem conectados à escola de alguma forma.
Ao mostrar uma foto de um jovem com acne facial, 65% relataram notar primeiro a pele. Em uma imagem de um adolescente de pele clara, apenas 14% dos jovens disseram que perceberam a pele primeiro. Além disso, os adolescentes que lidam com a acne são frequentemente relacionados a termos como “nerd”, “estressado” e “solitário”.
“A acne pode deixar cicatrizes psicológicas, especialmente durante a adolescência, quando a aparência física se torna mais importante para a autoestima, e internalizar a psicopatologia, como a depressão, ganha destaque", disse Natsuaki.
O artigo mostra, também, que as adolescentes do sexo feminino experimentam mais impactos psicológicos negativos em relação aos garotos. De acordo com os pesquisadores, isso ocorre porque existe um ideal estético de pele clara e imaculada, e as meninas sofrem maior pressão social para alcançar esse padrão.
Adolescentes com a cor da pele mais escura também são afetados desproporcionalmente pelos impactos psicológicos provocados pela acne. Isso porque eles teriam uma vulnerabilidade maior a cicatrizes pós-acne e hiperpigmentação.
O artigo chamado “Acne adolescente e disparidades em Saúde Mental", publicado pela revista Child Development Perspectives, revelou que a desigualdade de acesso à saúde potencializa ainda mais a acne e a angústia que ela pode causar. Indivíduos que recebem atendimento pelo sistema público, muitas vezes encontram relutância para conseguir consultas com dermatologistas.
Tuppett Yates, professor de psicologia e outro autor do estudo, afirma que “a carga psicológica da acne está em pé de igualdade com a de outras doenças graves, como o diabetes. A acne é uma condição médica com efeitos psicológicos claros - que não são distribuídos aleatoriamente em função de gênero, cor da pele e status socioeconômico”. Ele ainda completa que a abordagem mais eficaz para o problema deve envolver medicina, psicologia e sociologia.