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Trauma na infância pode ser indicador chave de suicídio entre jovens

Pesquisa realizada no Brasil revelou que 42% dos entrevistados já pensaram em suicídio - iStock
Pesquisa realizada no Brasil revelou que 42% dos entrevistados já pensaram em suicídio - iStock

Redação Publicado em 13/04/2022, às 15h00

Uma pesquisa realizada pela School of Psychology at Trinity College Dublin mostrou que a exposição cumulativa a traumas na infância é um indicador chave para a ideação suicida entre estudantes universitários. 

Experiências adversas na infância referem-se a eventos negativos de vida que os indivíduos encontraram durante seus primeiros 18 anos, incluindo negligência, maus tratos e disfunção significativa em casa, ou seja, contato com violência doméstica, dependência de drogas ou álcool e algum tipo de abuso.

Publicado recentemente na revista BJPsych Open, o estudo foi baseado em uma análise transversal de 321 alunos de universidades da Irlanda. 

Grande maioria já pensou em suicídio

Os pesquisadores descobriram que experiências adversas na infância eram comuns em estudantes universitários, com 35,2% relatando terem enfrentado de um a três dos eventos e outros 39,6% tendo sofrido com mais de quatro desses traumas.

O estudo encontrou níveis graves de ideação suicida entre o grupo de pesquisa, ou seja, muitos estudantes expressaram sentimentos de sobrecarga, uma crença de que não há soluções para problemas, além de planejamento para cometer suicídio.

A pesquisa destacou a relação entre maiores escores adversos de experiências infantis e pior saúde mental na forma de sofrimento psíquico e ideação suicida. Os achados também forneceram fortes evidências de que fatores como sentimentos de não pertencimento e de ser “um fardo para os outros” podem mediar a associação entre os traumas e a intenção de suicídio.

Confira:

Cenário no Brasil 

Um levantamento realizado pela Hibou (empresa de pesquisa e monitoramento de mercado e consumo) em 2021 com mais de 2.000 brasileiros mostrou que quase 42% afirmaram já ter pensado em suicídio e 73% declararam conhecer alguém que esteja sofrendo com depressão.

De todos os entrevistados, 72,5% confessaram que conhecem alguém que tentou ou concretizou o suicídio em algum momento. Destes, 49,6% eram algum familiar ou amigo próximo, 33,6% um familiar distante ou conhecido, 27,6% um amigo de convivência e 18,5% um colega de trabalho. 

Ao observar os comportamentos das pessoas que atentaram contra a própria vida, os sinais aconteceram de diferentes maneiras:

  • 32,9% não demonstraram nada;
  • 31,6% se afastaram de interações sociais;
  • 31,3% demonstraram desinteresse de forma geral;
  • 29,6% ficaram mais silenciosas do que o normal;
  • 19% dormiam muito;
  • 14,5% postaram sobre coisas relacionadas ao momento;
  • 10,3% tiveram conversas repetidas sobre o tema;
  • 9,8% falaram com alguém;
  • 9,5% ficaram sem tomar banho por vários dias;
  • 6,8% ficaram mais eufóricas do que o normal.

As razões que levam as pessoas a tirarem a própria vida são as mais variadas:

  • 35,4% desconhecem as razões;
  • 24,9% o motivo principal foi o fim de relacionamento amoroso;
  • 24,3% o sentimento de apatia ou falta de perspectiva de vida;
  • 17,8% não notavam correspondência às expectativas da família/amigos;
  • 10% por serem vítima de bullying ou de outra estigmatização social;
  • 9,3% por estarem com dívidas;
  •  8,8% por sofreram morte na família;
  • 6,7% devido à orientação sexual;
  • 6,1% por perda do emprego ou má performance escolar;
  • 5,3% vítimas de violência sexual ou doméstica;
  • 4% por serem pacientes com doença crônica ou terminal.

Não deixe de pedir ajuda!

Umas das formas mais práticas de buscar apoio, seja para você ou para alguém que conheça, é entrando em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida). O serviço é gratuito e oferece auxílio emocional 24 horas. O atendimento é realizado em sigilo total, por meio de telefone (188), e-mail, chat ou ainda pessoalmente. Os canais e endereços estão disponíveis no site.

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