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Um terço dos adolescentes teve piora da saúde mental na pandemia

Apesar da piora da saúde mental, alguns participantes identificaram a pandemia como uma oportunidade de autoconhecimento - iStock
Apesar da piora da saúde mental, alguns participantes identificaram a pandemia como uma oportunidade de autoconhecimento - iStock

Redação Publicado em 13/07/2021, às 15h39

Com a pausa das aulas, atividades presenciais e, consequentemente, da interação social, jovens começaram a apresentar declínios na saúde mental. Essa piora pareceu ainda maior para aqueles sem muita conexão com a família e amigos. 

Essas são as principais descobertas de um novo estudo da Universidade Estadual de Ohio (Estados Unidos) – publicado no Journal of Adolescent Health – que analisou mudanças de humor, ansiedade, proximidade com familiares e amigos e outras maneiras pelas quais a pandemia afetou a vida de adolescentes estadunidenses. 

Um terço dos participantes está mais ansioso 

Quase um terço dos 571 participantes relatou que o humor havia piorado ou a ansiedade aumentado entre março e junho de 2020. A pesquisa constatou que essa piora foi ainda maior entre jovens de nível socioeconômico superior, mais velhos e aqueles que disseram ter sofrido um afastamento de amigos e familiares. 

Os níveis mais altos de ansiedade foram observados, principalmente, entre os entrevistados com algum histórico de depressão e/ou ansiedade. Um dos participantes, por exemplo, contou que “voltou a ter um estilo de vida muito mais introvertido, ansioso e sedentário, sendo que, recentemente, estava mais sociável, extrovertido e equilibrado”. 

Para os pesquisadores, embora os casos graves de Covid-19 tenham sido raros entre jovens, a pandemia parece ter afetado essa parcela da população de outra forma. Segundo eles, o estudo ajuda a identificar quem é mais vulnerável em relação à saúde mental durante uma pandemia e, potencialmente, diante de outras situações de isolamento.

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Quais as possíveis razões?

Apesar de os pesquisadores não terem certeza do que possa contribuir para o agravamento do humor e da ansiedade durante a pandemia, existem algumas teorias. Eles explicaram que ficar preso com os pais – que estavam lutando para trabalhar em casa e, ao mesmo tempo, gerenciar todo o estresse provocado pelo isolamento – pode ser angustiante para jovens.

Participantes de grupos socioeconômicos mais elevados, por exemplo, são mais propensos a ter pais que fazem home office e, portanto, apresentaram maior probabilidade de relatar piora da saúde mental nos primeiros meses de pandemia. 

Além disso, para muitas pessoas, no início, a quebra da rotina habitual e a imposição do isolamento social podem ter parecido “legais”, mas, com o tempo, isso mudou e acabou levando as pessoas a maiores sentimentos de ansiedade e depressão.

De acordo com os pesquisadores, essa piora do bem-estar psicológico pode ser aplicada a qualquer tipo de mudança na rotina de um adolescente ou grupo de jovens. Por isso, é importante encontrar formas de manter a conexão social e ajudá-los a preservar essas interações mesmo quando há algo que as interrompa, como uma pandemia.  

A situação é parecida no Brasil

Em 2020, a pesquisa batizada de Covid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos, realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), também analisou como a Covid-19 teve impacto na rotina, na saúde e no ânimo de jovens.

De acordo com os achados, dos 9.470 adolescentes participantes, 31.6% relataram tristeza na maioria das vezes (22,4%) ou sempre (9,2%) durante a pandemia, sendo que a proporção foi duas vezes maior entre as meninas.

Sentir-se isolado dos amigos foi um problema para 32,8% dos jovens - e algo que também incomodou mais as garotas. Por fim, preocupação, nervosismo ou mau humor foram sensações descritas por praticamente medade dos jovens (48,7%), sendo que entre o sexo feminino a proporção chegou a 61,6%.

Nem tudo é negativo

Embora os achados sobre o agravamento da saúde mental sejam preocupantes, os autores da pesquisa revelaram que alguns temas positivos – e surpreendentes – surgiram à medida que a equipe foi analisando com mais profundidade as respostas para perguntas consideradas “abertas”. 

Alguns participantes relataram experiências positivas durante o período da pandemia, como a oportunidade de autoconhecimento, tendo mais tempo para sentar e pensar ou se conectar com a família. De acordo com os pesquisadores, nessa faixa etária, os jovens seguem uma rotina frenética e estão apenas “indo” o tempo todo. Com a necessidade do isolamento social, eles tiveram um período de tempo para que pudessem desacelerar. 

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