Estudantes com o transtorno recebem notas mais baixas e têm maiores riscos de desistir do curso
Redação Publicado em 23/02/2021, às 16h00
Um novo estudo realizado por um grupo de pesquisadores de diversas universidades dos Estados Unidos mostrou que alunos com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) enfrentam maiores desafios para ter um bom desempenho acadêmico e concluir a faculdade.
De acordo com um estudo da Universidade da Califórnia, jovens com TDAH representam cerca de 6% da população de estudantes universitários. Apesar de ser uma condição frequente, esta é uma das primeiras pesquisas a examinar resultados acadêmicos a longo prazo de alunos com TDAH. Até então, havia poucas análises focadas no impacto do transtorno na transição para a faculdade e o sucesso acadêmico.
Segundo os pesquisadores, esses universitários são mais propensos a enfrentar dificuldades, com notas mais baixas e risco maior do que a média de abandonar a faculdade. Por isso, é fundamental que esses alunos recebam apoio antes e durante os anos de curso.
A pesquisa, publicada no Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology, examinou sistematicamente o funcionamento de alunos com TDAH ao longo de quatro anos de faculdade.
Foram feitas avaliações psicológicas e de aprendizado anuais com mais de 400 estudantes, dos quais metade tinha o diagnóstico de TDAH. A equipe avaliou vários aspectos, como média de notas por semestre, progresso anual, habilidades de estudos desenvolvidas e casos de abandono da faculdade.
Ao longo dos quatro anos, o estudo envolveu participantes de universidades na Carolina do Norte, Pensilvânia, incluindo a Universidade de Lehigh e Rhode Island.
Segundo os dados coletados, universitários com TDAH receberam notas mais baixas que seus pares, e o transtorno esteve presente durante os quatros anos de curso. Além disso, a pesquisa mostrou que os alunos eram significativamente menos propensos a permanecer matriculados ao longo do tempo.
O estudo também revelou que, embora o uso de medicação não tenha melhorado substancialmente os resultados acadêmicos, algumas variáveis ajudaram a prever um melhor desempenho: ter menos sintomas depressivos, ter habilidades de planejamento e acesso a acompanhamento durante o ensino médio, assim como serviços de apoio na faculdade.
A diferença entre o desempenho dos estudantes com e sem TDAH impressionou a equipe.
Um dos objetivos da pesquisa é despertar o interesse e a atenção de universidades, professores e profissionais de saúde que trabalham com com TDAH sobre a importância de se fornecer serviços de apoio acadêmico para esses estudantes.
Segundo os pesquisadores, é fundamental disponibilizar a ajuda necessária aos alunos antes mesmo do início da faculdade, a fim de melhorar habilidades de planejamento e concentração, além de rastrear e tratar sintomas depressivos entre universitários diagnosticados com o transtorno.
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