Pesquisa sugere que o uso conjunto dos dois modelos não é benéfico para reduzir riscos de eventos coronários
Redação Publicado em 06/05/2022, às 16h00
Pessoas que fazem o uso conjunto de cigarros tradicionais e eletrônicos não reduzem o risco de doenças cardiovasculares em comparação às que utilizam exclusivamente o modelo convencional. A descoberta é de uma nova pesquisa publicada na revista Circulation,da American Heart Association (AHA).
O tabagismo tradicional é bem estabelecido como um forte contribuidor para condições graves de saúde. Os cigarros eletrônicos, por sua vez, têm se tornado cada vez mais populares.
Para os pesquisadores, os achados sobre os riscos semelhantes entre o uso duplo (cigarro tradicional + eletrônico) e o uso único são importantes, já que muitas pessoas estão optando pelo cigarro eletrônico – também conhecido como vape – na tentativa de reduzir o tabagismo.
Para analisar a relação entre esse comportamento com o risco de doenças cardiovasculares, a equipe utilizou dados de um estudo que coletou informações anuais sobre saúde e utilização de produtos de nicotina de 2013 a 2019 nos EUA. Foram 24 mil participantes, dos quais 50% tinham 35 anos ou mais e 51% eram mulheres.
Os indivíduos foram classificados como fumantes se fumassem mais de 100 cigarros convencionais durante a vida e relatassem enfrentar o tabagismo. Os usuários de cigarros eletrônicos foram identificados pela comunicação dos participantes sobre qualquer uso desse tipo de produto. A classificação foi feita da seguinte forma:
A análise ainda definiu como um evento de doença cardiovascular qualquer diagnóstico de ataque cardíaco ou cirurgia de bypass, insuficiência cardíaca e outras condições cardíacas ou derrame nos últimos 12 meses.
Confira:
Os pesquisadores observaram que, em comparação com o tabagismo tradicional exclusivo, utilizar apenas o modelo eletrônico esteve associado a um número menor de eventos de doenças cardiovasculares. Entretanto, a equipe diz que os números podem enganar.
Segundo os autores, é importante lembrar que os dados dependem das próprias pessoas compartilharem ou não um episódio cardíaco. Além disso, a duração do estudo é curta e a taxa de eventos ainda é baixa, especialmente em pessoas mais jovens. Uma vez que o uso de cigarros eletrônicos é relativamente novo, ainda não há um forte conjunto de evidências de longo prazo para determinar o risco de usar esses produtos.
Mesmo com essas limitações, os resultados mostraram que pessoas que só usavam cigarros eletrônicos ou faziam uso duplo eram mais jovens do que aquelas que não usavam nenhum produto: 62% dos usuários exclusivos de cigarros eletrônicos e 54% dos usuários duplos tinham menos de 35 anos.
Os pesquisadores explicam que muitos fumantes que tentam usar cigarros eletrônicos para a cessação do tabagismo tradicional continuam usando ambos os produtos, tornando-se usuários duplos - sem nenhum tipo de redução no risco cardiovascular.
A grande preocupação, segundo os autores, é que qualquer recomendação de uso de cigarros eletrônicos como alternativa “mais saudável” do tabagismo convencional pode levar ao aumento do uso duplo, bem como à iniciação do cigarro eletrônico entre adultos jovens que nunca fumaram cigarros.
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