Redação Publicado em 13/07/2021, às 19h00
Muitas pessoas veem a pornografia como algo prejudicial para a vida sexual, para o relacionamento e, até mesmo, para a saúde mental. Junto com esses argumentos sobre os efeitos negativos do pornô também vem a ideia de que quanto mais a pessoa consome, mais problemas ela enfrentará.
No entanto, novas pesquisas desafiam essa perspectiva de que mais pornografia significa, necessariamente, mais impactos negativos do que positivos. Na verdade, as evidências sugerem o oposto: as pessoas que consomem menos pornô estão relatando mais problemas relacionados ao sexo.
A pesquisa sobre sexo publicada no Journal of Sex Research foi feita na Alemanha e envolveu 4.177 participantes de ambos os sexos. Os entrevistados responderam sobre o uso de pornografia e sua vida sexual.
Vale resaltar que, no estudo, “assistir pornografia” ficou definido como algo mais amplo, incluindo todas as representações midiáticas de atos sexuais e eróticos – como filmes, fotos, textos, entre outros – usados para fins de excitação sexual.
Cada participante foi convidado a relatar com que frequência consumiam pornô ao longo do último ano, além de serem solicitados a contar sobre qual o impacto que a pornografia teve em suas vidas sexuais, com as seguintes opções de resposta: nenhum impacto, impacto positivo, impacto negativo e impactos positivos e negativos.
Os achados mostraram que a maioria (62%) não relatou nenhum impacto na vida sexual. Um quarto dos entrevistados (25%) disse que experimentou um resultado positivo, 11% contaram ter tido impacto misto (positivo e negativo) e apenas 2,5% alegaram que o impacto foi exclusivamente negativo. Dos que revelaram ter notado somente efeitos negativos, a maioria (57,5%) era homem.
Confira:
Assim, uma grande parcela dos entrevistados (87%) relatou nenhum impacto ou apenas efeitos positivos do consumo de pornografia. Com isso, o grupo daqueles que disseram ter tido algum ou somente impactos negativos foi relativamente pequeno.
Outra descoberta da pesquisa foi que os os indivíduos que associaram o uso de pornografia a desfechos sexuais adversos – como dificuldade de ereção – tinham o consumo substancialmente menos frequente do que participantes que contaram ter observado um papel positivo do pornô em suas vidas sexuais.
Para muitos, a ideia de que consumir menos pornografia leva a mais problemas na vida sexual pode parecer contraditória. Entretanto, segundo os pesquisadores, existem algumas explicações potenciais para esse fenômeno.
Uma das possibilidades está associada à religião. Estudos anteriores descobriram que uma maior religiosidade está ligada ao menor uso de pornografia. Isso porque, nesses casos, a pessoa está assistindo pornô, mas sente que é moralmente errado e tende a ver aspectos negativos desse hábito.
Assim, não importa se a pessoa está assistindo com muita ou pouca frequência, em vez disso, ela está preocupada sobre estar fazendo algo errado e se sente, moralmente, em conflito, podendo criar um sofrimento psicológico. Essa situação pode, inclusive, levar as pessoas a rotularem o comportamento como “viciante” mesmo que esteja ocorrendo com baixa regularidade.
Outra justificativa possível é que, talvez, algumas pessoas do grupo de impacto negativo estejam assistindo diferentes tipos de pornografia, já que a pesquisa não levou em conta o tipo de pornô consumido pelos entrevistados.
Para os pesquisadores, o estudo desafia a ideia popular de que o maior consumo de pornografia se traduz em mais problemas sexuais. Em vez disso, parece que é a frequência a chave para entender os efeitos – positivos e negativos – da pornografia.
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