Estudo sugere que a orientação sexual relatada pelas pessoas pode mudar
Redação Publicado em 20/08/2021, às 16h00
Uma pesquisa científica mostrou que a sexualidade existe em um espectro. Mas até que ponto as pessoas têm certeza de onde elas se encaixam? Um novo estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, sugere que a orientação sexual relatada pelas pessoas pode mudar depois de elas lerem sobre a natureza da orientação sexual.
Publicado na revista científica Nature's Scientific Reports, o estudo descobriu que um número significativo de pessoas heterossexuais relatou ser menos exclusivo em sua orientação sexual, bem como mais disposto a ter experiências com pessoas do mesmo sexo depois de ler um dos dois artigos informativos oferecidos pela equipe.
Mudamos a orientação sexual das pessoas por meio de nossas intervenções? Certamente não. Acho que nosso estudo pode ter mudado a maneira como as pessoas interpretavam seus sentimentos sexuais subjacentes. Isso significa que duas pessoas com orientações sexuais idênticas podem descrever a orientação sexual de maneira bem diferente, dependendo se foram expostas a formas fluidas ou formas contínuas de compreensão da sexualidade”, afirmaram os pesquisadores.
Uma amostra nacional australiana de 460 indivíduos (232 mulheres e 228 homens) que se identificaram como heterossexuais antes do estudo participou de uma pesquisa de painel on-line.
Eles foram instruídos a ler um artigo que sugeria que a pesquisa científica havia encontrado uma das afirmações seguintes:
Havia também um grupo controle (sem discussão sobre orientação sexual, mas, sim, com discussão sobre aquecimento global). Eles foram, então, solicitados a avaliar a orientação sexual em uma escala de 9 pontos, de exclusivamente heterossexual (1) a exclusivamente homossexual (9) e fornecer informações sobre o quão certos eles estavam sobre sua orientação sexual e o quanto estavam dispostos a se envolver com pessoas do mesmo sexo em encontros sexuais.
Um artigo informativo, lido pelos participantes, sugeriu que a pesquisa científica descobriu que existem muitas gradações de atração sexual por homens e mulheres, e as pessoas podem cair em qualquer lugar ao longo do continuum, da atração exclusiva por homens à atração exclusiva por mulheres. Outro artigo informativo mostrou que a orientação sexual pode mudar com o tempo, portanto, pode ser fluida.
Todos os participantes se identificaram como heterossexuais antes do início do estudo. Em comparação com um grupo de controle, depois de ler o primeiro artigo, os participantes tinham 28% mais probabilidade de se identificarem como não exclusivamente heterossexuais e 19% indicaram que estariam mais propensos a se envolver em atividades sexuais com pessoas do mesmo sexo.
No geral, a taxa de 'heterossexualidade não exclusiva' mais do que quadruplicou após essa atividade. Efeitos semelhantes, embora mais fracos, foram encontrados quando as pessoas leram que a orientação sexual é melhor caracterizada como fluida do que estável ao longo da vida.
Isso não é tão surpreendente, dado que 'heterossexuais não exclusivos' (em oposição a indivíduos bissexuais, gays ou lésbicas), embora representem o maior grupo atraído pelo mesmo sexo, não são bem capturados nas representações de nossa sociedade e até mesmo no vernáculo”, afirmou o autor sênior do estudo, o professor associado Ilan Dar-Nimrod, da Escola de Psicologia
“Dado o valor social que nossa sociedade atribui a esses rótulos, no entanto, tal mudança pode ter implicações de longo alcance. O estudo também sugere que certo nível de atração sexual pelo mesmo sexo pode ser muito mais comum do que o estimado anteriormente”, acrescentou Dar-Nimrod.
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