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Vejo pornô de duas a três vezes na semana; sou “viciado”?

Comportamentos que geram prazer, como consumir pornografia, às vezes levam à compulsão - iStock
Comportamentos que geram prazer, como consumir pornografia, às vezes levam à compulsão - iStock

Redação Publicado em 22/07/2022, às 09h00

“Doutor, sou casado e vejo pornografia, em média, de duas a três vezes na semana. Já tentei parar, mas não consigo. Será que eu sou viciado?”

O fato de assistir à pornografia de duas a três vezes por semana mesmo tendo uma relação estável não configura um vício em pornografia. Da mesma forma que tentar e não conseguir parar com o hábito também não significa que o homem sofra com uma dependência desse tipo de conteúdo.

Um vício é caracterizado pelo consumo cada vez maior de algo. A pessoa passa a ter prejuízo nas suas relações sociais, afetivas e profissionais devido a um determinado padrão de comportamento. 

Se a pornografia não atrapalha ou interfere no relacionamento, não há grandes problemas. Em contrapartida, se o hábito traz prejuízo, angústia, afeta a qualidade de vida e o indivíduo quer parar de qualquer forma, é preciso mais esforço para interromper isso sozinho. 

Confira:

Benefícios psicológicos da pornografia

Como falamos, não há nenhum grande problema em consumir pornografia de vez em quando. Só há problema quando a pessoa fica “dependente” do pornô, vê o tempo inteiro e não consegue se estimular sem ele, o que acaba atrapalhando vários aspectos da vida. 

Porém, quando a pornografia assume o papel de um elemento a mais para a estimulação erótica e é apenas uma entre tantas outras opções de prazer, não existe nenhuma contraindicação. 

Inclusive, muitos usuários de pornografia afirmam que o uso melhora seus relacionamentos e, em alguns casos, o bem-estar. Algumas pesquisas mais antigas apoiam essa afirmação. Alguns benefícios psicológicos potenciais incluem:

Maior acesso a material sexual diverso: pessoas que consomem pornografia podem aprender sobre novas posições sexuais, ver material desestigmatizante sobre seus desejos e aprender mais sobre o corpo humano. A mídia tende a retratar o sexo e a sexualidade como heterossexuais e apresenta uma gama restrita de opções; já a pornografia oferece a oportunidade de buscar opções mais inclusivas.

Menos estigma: assistir à pornografia pode tornar o sexo menos intimidante, especialmente para pessoas que têm pouca exposição a sexo e a material sexual.

Empoderamento sexual: algumas pessoas acham a pornografia sexualmente poderosa. Por exemplo, as mulheres podem descobrir que certos gêneros de pornografia validam uma ampla gama de expressões sexuais.

Alívio do estresse e lazer:estudo de 2017 identificou que muitas pessoas usam pornografia como atividade de lazer para aliviar o estresse e distraí-las de emoções adversas.

Outras alternativas para se excitar

Uma pessoa não precisa usar apenas a pornografia para se sentir excitada. Algumas alternativas incluem:

  • Ler histórias eróticas, que incorporam muitas das mesmas fantasias, mas carecem de pessoas reais e imagens visuais, potencialmente aliviando as preocupações de algumas pessoas sobre pornografia;
  • Trocar textos explícitos ou e-mails com um parceiro para compartilhar fantasias e despertar o interesse;
  • Planejar sessões de sexo para incorporar mais elementos das fantasias de cada parceiro,
    elaborando preliminares mais extensas de modo que cada parceiro tenha tempo para ficar excitado.