Redação Publicado em 08/03/2022, às 09h00
“Doutor, ando muito só e não estou sabendo como lidar com isso, fico triste o tempo todo. O que fazer?”
O mundo vive uma espécie de epidemia de solidão e esse problema só piorou com a pandemia de Covid-19. Até os jovens têm sofrido com essa sensação de não terem com quem contar.
A tecnologia, obviamente, ajuda as pessoas a se conectarem com gente do mundo todo, mas, muitas vezes, essas relações e interações são superficiais e não substituem o “olho no olho”. Além disso, a solidão tem sido associada a um risco maior de uma série de doenças, como depressão, diabetes, demência, entre outras.
Algumas medidas podem ser adotadas. Em primeiro lugar, é importante focar no que dá para mudar, buscar fazer coisas que gosta, como atividades físicas e, quem sabe, convidar pessoas para estarem nessas atividades também.
Outra dica válida é: não espere os outros. Se está a fim, ligue para alguém, faça uma chamada de vídeo ou marque uma atividade coletiva. Além disso, tente maneirar o uso das redes sociais, pois elas podem nos “enganar”: achamos que estamos conectados, mas, na verdade, estamos sozinhos. Caminhar e se abrir para conhecer pessoas novas também ajuda.
Procurar a ajuda de algum profissional de saúde mental para que ele possa ajudar a lidar melhor com a solidão e amenizar esse sentimento também é uma ótima escolha.
Confira:
A solidão influencia comprovadamente nosso risco de doenças físicas. Um estudo de 2018 descobriu que a solidão estava associada a um risco maior de demência, enquanto um estudo de 2020 relacionou os sentimentos de solidão a um risco maior de diabetes.
Outro estudo de 2020 fez uma descoberta fascinante: quando nos sentimos solitários, a mesma região do cérebro que “acende” quando sentimos fome é ativada. Em outras palavras, sentimos “fome” de contato humano.
Se as pessoas são incapazes de remediar seus sentimentos de solidão, isso pode ter consequências. Em 2017, duas metanálises examinando mais de 100 estudos afirmaram que havia “evidências robustas” de que a solidão era um importante fator de risco para mortalidade precoce, ainda mais do que condições crônicas, como a obesidade.
Embora os mecanismos pelos quais essa experiência subjetiva pode influenciar a saúde física permaneçam obscuros, algumas pesquisas mais antigas fornecem possíveis explicações. Por exemplo, um estudo de 2015 sugere que a solidão crônica desencadeia a expressão de um gene chamado CtrA, que altera a resposta imunológica de uma forma que torna o corpo mais suscetível a doenças.
Certamente, as pessoas também podem ficar sozinhas por escolha, já que podem preferir a própria companhia à de outras. Esse “tempo para mim” também é importante, dentro de uma situação social equilibrada, e ajuda a melhorar a saúde mental e física.