Um terço dos indivíduos sofre ao menos uma queda por ano
Redação Publicado em 01/02/2022, às 11h00
As quedas são eventos frequentes na população idosa. Segundo o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, estima-se que um terço dos indivíduos sofra pelo menos uma queda em um ano. Basta um único episódio desses para a ocorrência de lesões e consequências como limitação funcional, desequilíbrio, medo de cair e ocorrência de novas quedas. Por esses motivos, o idoso que cai pode ter sua qualidade de vida e independência comprometidas.
Geralmente existe uma interação entre diversos fatores que predispõem um idoso ao problema. Eles podem estar relacionados diretamente com o paciente, tais como: fraqueza muscular, deformidades dos pés, distúrbios da marcha ou do equilíbrio, doenças neurológicas, dificuldade para enxergar, artrose de joelhos e quadris, uso de medicações potencialmente inapropriadas, entre outras.
Já os motivos relacionados ao ambiente são: superfícies escorregadias ou irregulares, iluminação inadequada, banheiro não adaptado, escadas sem corrimãos, objetos soltos no chão (como tapetes), calçados inadequados, uso impróprio dos dispositivos de marcha, entre outros. Como é possível notar, não é apenas fora de casa que existe risco de quedas, geralmente os idosos mais frágeis caem dentro do próprio domicílio.
Outro aspecto é que, ocasionalmente, o aparecimento de alguma nova doença no paciente pode se manifestar através de uma queda, condições potencialmente graves como enfermidades neurológicas, infecciosas ou metabólicas e que necessitam de uma investigação apropriada.
Portanto, uma avaliação médica é essencial e eventualmente pode requerer a realização de exames e de outros especialistas. O fisioterapeuta tem um papel importante tanto na avaliação da marcha e equilíbrio, quanto no planejamento terapêutico de reabilitação física.
Confira:
O plano terapêutico envolve o tratamento das doenças relacionadas, reabilitação de lesões prévias e a prevenção de novos episódios. Alguns exemplos a seguir:
1) Exercícios de fortalecimento muscular, em especial dos membros inferiores, quadril e abdômen (supervisionados pelo fisioterapeuta ou educador físico, sempre que possível).
2) Treino de equilíbrio orientado pelo fisioterapeuta ou Tai Chi Chuan, que é uma das práticas com maior evidência científica.
3) O uso de dispositivos de marcha deve ser indicado de forma individualizada pelo profissional de saúde, considerando que cada paciente tem uma demanda que somente será suprida com a recomendação do aparelho correto. Além da indicação, o ajuste, treinamento e acompanhamento são essenciais, porque o uso incorreto pode acarretar outras lesões e aumentar o risco de quedas.
4) A adaptação do ambiente que o idoso frequenta também faz parte do plano terapêutico, visando preservar a autonomia e independência, assim como a redução do risco de quedas e de acidentes.
Os dispositivos de marcha têm o objetivo de reduzir o risco de quedas através do aumento da base de apoio e distribuição de carga. Os mais indicados são:
1) Bengala simples: adequada para pacientes com instabilidade postural leve, que precisam de pouca distribuição de carga e que tem boa velocidade de marcha.
2) Bengala de quatro pontos: adequada para idosos com maior necessidade distribuição de carga, geralmente por deficiência em algum lado do corpo, por exemplo, após um AVC, e que, portanto, tenham a marcha lentificada.
3) Andador fixo: adequado para pacientes com instabilidade postural grave ou necessidade de ampla distribuição de carga, como é o caso daqueles com sarcopenia grave, ataxia, pós-operatório de cirurgia ortopédica, e que, portanto, tenham a marcha muito lentificada.
4) Andador com rodas: para pacientes com instabilidade postural leve, mas portadores de doenças associadas à baixa capacidade cardiopulmonar e que não necessariamente tenham redução da velocidade de marcha.
A prevenção de quedas faz parte do cuidado integrado do idoso, seja daquele que já viveu algum episódio de queda, ou que está em risco. Não deixe de procurar assistência médica.
Sobre o autor:
Dr. Murilo Bacchini Dias
Médico do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da FMUSP. Residência Médica em Geriatria pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Titulado em Geriatria, Membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Articulista do Portal Trevoo.
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