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Todos os idosos que vivem em instituições podem ser estimulados?

As instituições devem proporcionar cuidados integrais para os idosos, sem reduzi-los ao diagnóstico - iStock
As instituições devem proporcionar cuidados integrais para os idosos, sem reduzi-los ao diagnóstico - iStock

Mayara Martins* Publicado em 24/04/2022, às 09h00

Gradativamente, os responsáveis em gerir os cuidados de idosos frágeis tem despertado para a boa opção que uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) pode ser, à medida que atualmente esses locais vêm se habilitando a oferecer o cuidado integral e multidisciplinar, além da promoção de qualidade de vida a seus hóspedes.

Quando tratamos disso nos referimos a de fato poder olhar para estes idosos pelo foco da POTÊNCIA (suas capacidades), diferente do senso comum que preconiza o olhar para as perdas funcionais, diagnósticos incapacitantes e demais informações que chegam e imediatamente trazem luz apenas para o que o idoso deixou de fazer ou o torna vulnerável (suas deficiências). 

Na medida em que a ótica muda para a potência, as instituições tendem a proporcionar cuidados  integrais para estes idosos, sem reduzi-los ao diagnóstico, e sim acreditando que são capazes de desejar, criar, sonhar, ter participação social e concluir atividades que se propõem a iniciar. 

Para isso, faz-se necessário uma equipe capacitada, articulada e atenta a cada morador. Profissionais capacitados como Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos, Educadores Físicos, Psicólogos, Fisioterapeutas, Psicomotricistas e Arteterapeuta, entre outros, contribuem ao oportunizar a estes idosos espaços de estimulação cognitiva, física, sensorial e social, de forma estruturada, constante e integrada aos demais cuidados. 

Mas afinal, todos os idosos podem ser estimulados? Mesmo aqueles acamados ou em cuidados paliativos

A resposta é sim! 

Podemos classificar cada pessoa nos seguintes graus de dependência e estratégias de estimulação: 

Grau de dependência I: indivíduos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda. Eles são favorecidos com estratégias de valorização biográfica (contar suas histórias de vida), estimulação cognitiva (jogos, desafios), treinamento para manutenção da independência e autonomia, alongamento e fortalecimento, circulação social, entre outros. 

Grau de dependência II: idosos com dependência em até três atividades de autocuidado para a vida diária tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento mental ou com alteração cognitiva controlada. Beneficiam- se de reabilitação cognitiva, treino de atividades básicas de vida diária (ABVD), exercícios cooperativos e de linguagem, entre outros.

Grau de dependência III: idosos com dependência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para a vida diária e ou com comprometimento mental. Para estes, a estimulação sensorial, reabilitação cognitiva, posicionamento adequado e alongamento, entre outros, trazem benefício significativo. 

Os planos terapêuticos, grupais e individuais, devem ser estabelecidos de acordo com a necessidade de cada caso, através da avaliação de cada indivíduo pelas equipes multiprofissionais, presentes nas instituições. 

São estas estratégias que promovem cuidados adequados, oportunidades e principalmente, a dignidade e o respeito devidos ao idoso.

*Sobre a autora: Mayara Regina Xavier Martins

Graduação: Terapia Ocupacional (Unifesp – 2006 a 2009)

Áreas de Estudo e Atuação: Saúde Mental, Neuroaprendizagem, Gerontologia,Gestão, Dinâmicas Familiares, Empreendedorismo. CEO ABIÊ Soluções Terapêuticas, Consultoria de Saúde, Gestão de Equipe, Acolhimento Familiar, Treinamentos, Terapia Ocupacional.

Colunista do Portal Trevoo. @abieterapias